No primeiro dia de governo, o social-democrata Olaf Scholz deixou claro qual será a prioridade inicial no comando da Alemanha. O nono chanceler da era pós-Segunda Guerra Mundial liderou uma reunião de crise com as 16 regiões do país para debater a pandemia da covid-19, enquanto ele próprio e dois de seus ministros principais anunciaram viagens oficiais. Ontem, o país registrou mais de 700 novos casos da doença e 465 mortes, com média diária de 422,3 ao longo da última semana. Provavelmente, uma das medidas divulgadas terá relação com a vacinação das crianças. O tema da imunização obrigatória deverá ser levado a votação no Bundestag (Parlamento).
Rüdiger Schmitt-Beck, cientista político da Universidade de Mannheim (centro-oeste da Alemanha), lembrou que, antes mesmo de Scholz tomar posse, mais medidas restritivas entraram em vigor na semana passada para conter a covid-19. "Mais cedo ou mais tarde, ações ainda mais drásticas talvez sejam necessárias para reduzir o número de infecções. Claramente foi um erro esperar tanto tempo até que elas fossem implementadas. Ainda não estou certo se farão diferença as novas medidas organizacionais, como nomear um general do Exército como organizador da logística associada à pandemia. Isso cheira a um simbolismo político apenas", afirmou ao Correio.
O estudioso, no entanto, considera "muito importante" que Scholz tenha apontado um epidemiologista renomado (Karl Lauterbach) como ministro da Saúde. "Ele parece entender muito melhor como a pandemia funciona do que o seu antencessor, Jens Spahn, da União Democrata Cristã (CDU)."
De acordo com Schmitt-Beck, a crise sanitária provocada pela covid-19 demandará atenção diária de Scholz. No entanto, ele acredita que outro desafio imediato para o chanceler é a possível ameaça da Rússia à fronteira da Ucrânia, a qual tem potencial de se transformar numa crise internacional, inclusive com violência militar. "A nova ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock (Verdes), prometeu assumir uma postura mais incisiva em relação a Moscou. Posso imaginar o presidente Vladimir Putin buscando testar o quão longe ela pretende ir, ao escalar a situação. A política financeira também é um desafio, devido à inflação crescente, impulsionada principalmente pelos preços da energia."
Cientista político da Universidade Luís Maximiliano de Munique, Günther Auth explicou ao Correio que a coalizão de Scholz — formada pelo Partido Social Democrata (SPD), pelos Verdes e pelo Partido Democrático Liberal (FDP) — tenta se apresentar como um governo mais determinado e capaz de atuar durante a pandemia. "Haverá vacinação compulsória, em primeiro lugar para profissionais da saúde, depois para a população em geral."
Viagens
Ontem, Baerbock embarcou para visitas oficiais a Paris e a Bruxelas. Por sua vez, Nancy Faeser — a primeira mulher a ocupar o Ministério do Interior alemão — participou de uma reunião com colegas en Bruxelas. Hoje, o próprio Olaf Scholz cumprirá com uma tradição dos chanceleres alemãs, ao reservar à França sua primeira visita oficial.
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