EGITO

Racismo ambiental: entenda o tema debatido na COP 27

Coalizão Negra Por Direitos levou o combate ao racismo ambiental para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

Izabella Caixeta* - Estado de Minas
postado em 16/11/2022 15:22 / atualizado em 16/11/2022 15:22
O geógrafo Diosmar Filho participou do painel
O geógrafo Diosmar Filho participou do painel "Ambições e Desafios para a Adaptação", coordenado pela IYALETA, na COP 27 - (crédito: Ellen Monielle/ Iyaleta)

A Coalizão Negra por Direitos, organização que reúne mais de 250 associações, ONGs, coletivos, grupos e instituições do movimento negro, participa da COP 27 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que ocorre no Egito ate o dia 18 de novembro, e leva ao encontro a agenda de combate ao racismo ambiental.

Como parte da programação, integrantes da Coalizão Negra Por Direitos realizaram na terça-feira (08/11) um evento no espaço Brazil Climate Action, com o tema “O racismo ambiental e a emergência climática: vivências negras e interseccionalidades”.

O evento promoveu debate para aprofundar a denúncia sobre o racismo ambiental no Brasil.O objetivo é amplificar a urgência dessa pauta, uma vez que as mudanças climáticas afetam diretamente os territórios periféricos.

Segundo Diosmar Filho, geógrafo e pesquisador da Associação de Pesquisa, Ciências e Humanidades (IYALETA), nesta edição da Conferência, o movimento negro leva como proposições ações de redução de desigualdades para a justiça ambiental.

“São duas agendas que não podem andar separadas para o enfrentamento da crise climática”, afirma. Foram abordados temas como a intensidade das chuvas e seus impactos em territórios periféricos e quilombolas, o racismo religioso e a resistência de mulheres negras frente à mudança do clima.

Entre os palestrantes estavam Douglas Belchior, cofundador da Uneafro Brasil e da Coalizão Negra Por Direitos; Sheila de Carvalho, diretora de Incidência Política do Instituto de Referência Negra Peregum; e os coordenadores nacional e executivo da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (CONAQ), Kátia Penha e Biko Rodrigues, respectivamente.

O racismo ambiental

Coalizão Negra Por Direitos leva o combate ao Racismo Ambiental para a COP 27
Coalizão Negra Por Direitos leva o combate ao Racismo Ambiental para a COP 27 (foto: João Pedro Rocha/Brazil Hub)

O termo racismo ambiental foi criado pelo ativista afro-americano Benjamin Chavis para se referir à estratificação da população na comunidade e no território a partir da raça, cor, etnia e gênero. Quando ocorre eventos climáticos extremos ou crimes ambientais, grupos etnicorraciais em situação de vulnerabilidade são as mais afetadas.

“Há um histórico de exclusão social, quando falamos de território quilombola no Brasil, por exemplo. Estamos falando daquelas pessoas que, a partir de uma ancestralidade, se organiza dentro de um território pela exclusão do estado”, explica Diosmar.

Ao serem segregados da sociedade pelo racismo e a falta de oportunidades, esses grupos minoritários acabam se instalando em locais de risco, como encostas.

Um exemplo foi o rompimento da barragem da Samarco, em Brumadinho, onde a população mais afetada foi a negra e a ribeirinha. Outro exemplo foram as chuvas intensas que provocaram enchentes no sul da Bahia, norte de Minas e Espirito Santo, no final de 2021 e início de 2022, que também tiveram como grupo mais afetado a população negra e pobre.

“A solução para isso nunca vem. O recurso que apareceu foi para que? Chuvas. A gente tem recurso para cuidar do impacto das chuvas, a gente não tem recurso para fazer prevenção para que as pessoas não sofram os impactos do aumento das chuvas, que está acontecendo decorrente das mudanças climáticas”, afirma Diosmar.

Cobertura do Correio Braziliense

Quer ficar por dentro sobre as principais notícias do Brasil e do mundo? Siga o Correio Braziliense nas redes sociais. Estamos no Twitter, no Facebook, no Instagram, no TikTok e no YouTube. Acompanhe!

Newsletter

Assine a newsletter do Correio Braziliense. E fique bem informado sobre as principais notícias do dia, no começo da manhã. Clique aqui.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação