Crise humanitária

Relatório lista principais crises que o mundo pode enfrentar em 2023

Avaliação realizada pela International Rescue Committee mostra 10 países que provavelmente enfrentarão as piores crises humanitárias no próximo ano

Yasmin Rajab
postado em 15/12/2022 15:46
 (crédito: IRC/Divulgação)
(crédito: IRC/Divulgação)

Conflitos de décadas, mudanças climáticas e incertezas econômicas são alguns dos muitos problemas que grande parte do mundo vem enfrentando. Rumo a 2023, diversos países continuam lutando contra essas crises, que acabaram saindo do controle após o enfraquecimento de barreiras que impediam alguns desastres - como tratados de paz, ajuda humanitária e punições por violações do direito internacional. 

Com o objetivo de ajudar a amenizar esses conflitos, a Internacional Rescue Committee divulgou, nesta quinta-feira (15/12), o relatório Emergency Wachlist, que mostra os países que mais necessitarão de esforços para enfrentar grandes crises humanitárias em 2023. 

O documento lista 20 países que enfrentam conflitos de diversos tipos, como guerras, violência de gangues, mudanças climáticas, atividade de grupos armados, crise de saúde, pobreza, seca e aumento da fome. 

No topo da lista aparece a Somália, país africano que enfrenta uma seca sem precedentes e uma crise de fome, fazendo que diversas pessoas perdessem a vida. A mudança climática também afetou a produção de alimentos, que foi dizimada pelo tempo e pelos conflitos. 

Outro país que luta contra a seca é a Etiópia, afetando cerca de 24 milhões de pessoas. Ao mesmo tempo, vários conflitos em todo o país estão destruindo vidas e impedindo organizações humanitárias de entregarem ajuda. 

Já no Afeganistão, uma população inteira está sendo empurrada para a pobreza. Em 2022, o país ficou em primeiro lugar no relatório, mas caiu em 2023 devido a piora nos países da África Ocidental. 

Os 20 países citados no relatório abrigam apenas 13% da população global e respondem por apenas 1,6% do PIB mundial. Entretanto, eles representam 90% das pessoas com necessidades humanitárias, 81% das pessoas globalmente deslocadas à força, 80% das pessoas com insegurança alimentar aguda e 80% das mortes de civis relacionadas a conflitos. 

George Readings, líder do time de análise de crises globais da International Rescue Committee, alerta que "o mundo está vendo níveis recordes de necessidades humanitárias, próximo a 340 milhões de pessoas, 90% das quais estão nos 20 países listados no relatório. Assim, se queremos entender o que está dando errado a nível global e começar a consertar as coisas, então precisamos dar um zoom nesses países do Watchlist." 

Confira a lista completa dos 20 países que precisarão de atenção no próximo ano e os problemas que eles enfrentam: 

1. Somália: Crise de fome

2. Etiópia: Seca e conflitos que atormentam milhões de pessoas

3. Afeganistão: Grande parte da população empurrada para a pobreza

4. República Democrática do Congo: Conflitos de décadas que se intensificam

5. Iêmen: Trégua fracassada pode levar a conflito renovado

6. Síria: Anos de guerra que desencadeiam uma crise de saúde

7. Sudão do Sul: Mudança climática agrava o legado da guerra civil

8. Burkina Faso: Atividade de grupos armados 

9. Haiti: Violência de gangues e mudança climática

10. Ucrânia: Guerra cria a maior crise de deslocamento do mundo

11. República Centro-Africana: Grupos armados, violência e mudanças climáticas

12. Chade: Crise política e mudanças climáticas

13. Líbano: Crise política e econômica 

14. Mali: Aumento da violência por grupos armados e pressões climáticas

15. Mianmar: Impulso dos conflitos e aumento da pobreza

16. Níger: Choques climáticos, violência e conflitos que direcionam a fome e deslocamento de civis

17. Nigéria: Aumento da violência 

18. Paquistão: Instabilidade econômica e insegurança alimentar

19. Sudão: Instabilidade política e econômica 

20. Venezuela: Dificuldades econômicas contínuas que causam necessidades de saúde e alimentação

Crises que precisam de atenção

Na última década, o relatório Emergency Wachlist ajudou a Internacional Rescue Committee a determinar onde concentrar esforços para lutar contra crises humanitárias, obtendo uma média de sucesso entre 85% a 95%. 

O time principal que trabalhou na produção do documento é composto por cerca de oito pessoas. O IRC conta com a ajuda de mais de 20 mil funcionários ao redor do mundo, além de trabalhadores voluntários.

Neste ano, a organização juntou membros, especialistas e organizações parceiras e comunitárias para informar a seleção dos países da lista, entre eles, o brasileiro Felippe Ramos, pesquisador do time de análise de crises globais da IRC. 

Criado em 1933, o IRC surgiu por meio de uma sugestão de Albert Einstein para apoiar perseguidos por Hitler na Alemanha. Atualmente, a organização atua em mais de 40 países, respondendo as mais graves crises humanitárias, incluindo o conflito na Ucrânia e a crise no Afeganistão. 

George Readings cita que é necessário pressionar os governos para que ajam a favor da população. "Por exemplo, governos como o do Brasil poderiam responder as partes em conflito que usam e politizam o acesso a ajuda humanitária como arma através da apoio ao estabelecimento de uma organização independente – a criação de uma organização para a promoção de acesso humanitário – para documentar a restrição de ajuda humanitária e confrontar os poderosos."

Além do Estado, Readings acrescenta que todo mundo pode ajudar fazendo sua parte. "Sabemos que é um momento difícil para muita gente. Mas, se você puder, por favor considere doar para ajudar as respostas às crises humanitárias nos países listados no relatório, particularmente aqueles que não estão nas manchetes, mas cujas necessidades não são menos reais."

Saiba como ajudar acessando o link da Internacional Rescue Committee. 

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