Política Internacional

México rompe relações diplomáticas com Equador após invasão à Embaixada

Medida ocorreu depois da polícia equatoriana prender o ex-vice-presidente Jorge Glas, que estava refugiado na embaixada do México na cidade de Quito

Forças especiais da polícia equatoriana tentam invadir a embaixada mexicana em Quito para prender o ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas, em 5 de abril de 2024 -  (crédito: ALBERTO SUAREZ/AFP)
Forças especiais da polícia equatoriana tentam invadir a embaixada mexicana em Quito para prender o ex-vice-presidente do Equador, Jorge Glas, em 5 de abril de 2024 - (crédito: ALBERTO SUAREZ/AFP)
postado em 06/04/2024 10:49

O governo do México anunciou na madrugada deste sábado (6/4) que rompeu relações diplomáticas com o Equador, após a polícia do país invadir a Embaixada mexicana na cidade de Quito e prender o ex-vice-presidente Jorge Glas, condenado a seis anos de prisão por corrupção — que recebeu asilo da embaixada mexicana.

A invasão da polícia equatoriana ocorreu na noite de sexta-feira (5). Em comunicado, o governo do Equador classificou como "ilegal" o asilo concedido à Glas e afirmou que, como o ex-vice-presidente é requerido por suspeita de peculato, as convenções internacionais ditam que esse instrumento de proteção não se aplica para crimes comuns.

O texto afirma ainda que o toda Embaixada tem uma única finalidade, a de servir como um espaço diplomático com o objetivo de estreitar as relações entre os países: "Nenhum infrator pode ser considerado um perseguido político. Jorge Glas foi condenado com sentença executada e tinha disposição de captura emitida pelas as autoridades competentes", diz um trecho do comunicado.

O ex-vice-presidente estava refugiado na embaixada mexicana desde o dia 17 de dezembro de 2023 como forma de evitar um mandado de prisão do governo.

No X (antigo Twitter) o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, afirmou que a entrada da polícia na Embaixada é "uma violação flagrante do direito internacional e da soberania do México" e por isso ele instruiu o chanceler a declarar imediatamente a suspensão das relações diplomáticas com o governo do México e Equador.

Relembre o caso

O anúncio da concessão de asilo ocorreu um dia depois que o governo do Equador declarou persona non grata a embaixadora mexicana Raquel Serur e ordenou a saída do país. Serur será retirada em um avião militar mexicano e uma delegação ficará responsável pela embaixada.

Os dois governos descartaram romper relações, mas o asilo a Glas abre uma nova frente de conflito após os comentários de López Obrador sobre violência política que motivaram a expulsão de sua embaixadora.

Contudo, a crise diplomática teve início na quarta-feira (3), quando López Obrador levantou um paralelo entre a violência que marcou a campanha presidencial equatoriana de 2023, durante a qual o candidato Fernando Villavicencio foi assassinado, e a criminalidade registrada no México antes das próximas eleições de 2 de junho.

Segundo o mandatário mexicano, o crime de Villavicencio criou um "ambiente contaminado de violência" que, somado à "manipulação" por parte de alguns meios de comunicação, provocou a queda nas pesquisas da candidata de esquerda Luisa González e a ascensão de Noboa, que foi o ganhador.

Duro crítico do ex-presidente socialista Rafael Correa (2007-2017), Villavicencio era conhecido por suas denúncias sobre o fortalecimento do narcotráfico à sombra do poder.

O governo de Noboa considera que os comentários do presidente mexicano "ofendem o Estado equatoriano", pois o país ainda está de "luto". Sete pessoas detidas pelo assassinato de Villavicencio foram mortas na prisão.

*Com informações da Agence France-Presse. 

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