
Em entrevista ao Correio, o embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, explicou os motivos por trás das recentes ações militares israelenses contra alvos no Irã. Segundo ele, os ataques têm como objetivo enfraquecer o programa nuclear e o arsenal de mísseis balísticos iranianos — ambos considerados ameaças diretas a Israel. Zonshine atribuiu a ofensiva a declarações de líderes iranianos que, segundo ele, expressaram intenções de “destruir, eliminar, aniquilar” o Estado israelense.
“As metas deste ataque são paralisar ou prejudicar gravemente o projeto nuclear militar do Irã, além de atingir significativamente o programa de mísseis balísticos, que já resultou no lançamento de centenas de mísseis contra Israel”, afirmou o embaixador.
Zonshine também criticou as negociações conduzidas entre o Irã e os Estados Unidos, que, em sua avaliação, não resultaram em avanços concretos. Embora tenha classificado a parceria entre Israel e os EUA como "estratégica" e "muito importante", evitou confirmar se Washington apoia diretamente a operação militar, limitando-se a informar que os norte-americanos foram notificados sobre o ataque.
Conexão com Gaza
O embaixador associou a escalada no Oriente Médio aos conflitos em Gaza, apontando o Irã como principal patrocinador do Hamas. De acordo com Zonshine, Teerã fornece armas, recursos financeiros e treinamento ao grupo palestino. Ele afirmou ainda que o Irã estaria articulando uma estratégia para cercar Israel com milícias aliadas, incluindo o Hamas no sul e os Houthis no Iêmen — o que classificou como um “anel de fogo”.
Sobre as mortes de civis na Faixa de Gaza, o diplomata afirmou que Israel atua “abaixo da lei” e “à luz do direito internacional”. Ele lamentou as vítimas civis, mas atribuiu as mortes à tática do Hamas, que, segundo ele, usa a população como escudo humano e opera a partir de escolas, hospitais e locais religiosos. O embaixador também confirmou que Israel não é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
Delegações brasileiras em Israel
Zonshine também comentou a situação de diversas delegações brasileiras que se encontram atualmente em Israel — entre elas, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, secretários estaduais e municipais, além de representantes de consórcios e ativistas.
Segundo ele, as embaixadas de Israel e do Brasil estão coordenando a logística de retorno desses grupos. A principal barreira, de acordo com o diplomata, é o fechamento do espaço aéreo israelense. Uma das alternativas avaliadas é a saída terrestre via Jordânia, que, embora complexa, não está descartada.
O embaixador garantiu que a segurança dos visitantes brasileiros é prioridade e que todos têm acesso a abrigos e bunkers, já utilizados em algumas ocasiões. Ele afirmou ainda que a decisão sobre o momento e a forma de retorno caberá aos próprios visitantes. “Ninguém está sendo forçado a permanecer em Israel se quiser sair quando houver possibilidade”, concluiu.