
Um dos homens mais poderosos do establishment da Ucrânia e amigo pessoal do presidente Volodymyr Zelensky, Andriy Yermak renunciou nesta sexta-feira (28/11), horas após Agência Anticorrupção (NABU) e a Procuradoria Especializada Anticorrupção (SAPO) anticorrupção invadirem seu apartamento, em Kiev, para investigar um escândalo. "Hoje, a NABU e a SAPO estão realizando diligências processuais em minha residência. Os investigadores não encontraram obstáculos. Tiveram acesso irrestrito ao apartamento. Meus advogados estão presentes, interagindo com os policiais. Da minha parte, estou cooperando plenamento", escreveu Yermak em seu perfil na rede social X às 4h47 desta sexta-feira pelo horário da Ucrânia (23h47 de quinta-feira no horário de Brasília). Na mensagem diária transmitida ao povo ucraniano, Zelensky anunciou, pouco depois, que Yermak "apresentou sua renúncia".
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Além de segunda autoridade mais influente do governo, Yermak, 54 anos, liderava as negociações de paz com a Rússia. Seu afastamento coloca em dúvida os rumos do diálogo com Washington e Moscou — o sucesso dependerá de quem será o seu substituto. "Sou grato a Andriy por sempre representar a posição da Ucrânia nas negociações exatamente como deveria ser. Sempre foi uma posição patriótica. Mas quero que não haja rumores ou especulações", justificou-se Zelensky.
Desvio
As batidas da NABU e da SAPO na residência de Yermak se inserem no marco de um escândalo de corrupção que teria desviado US$ 100 milhões (ou R$ 535 milhões) do setor energético. As autoridades não detalharam o grau de envolvimento do chefe de gabinete demissionário.
Para Peter Zalmayev, diretor da organização não governamental Eurasia Democracy Initiative (em Kiev), a renúncia de Yermak foi um "passo na direção correta". "Suspeito que ela tenha ocorrido não sem uma intensa pressão dos americanos ou mesmo dos europeus. Há sérias alegações contra Yermak de que ele possa ter sido o componente central do escândalo, com base nas investigações. Zelensky finalmente mostrou contato com a realidade. Seja por meio de pressão ou não, a saída de Yermak era um desejo dele próprio e do presidente", afirmou ao Correio.
Zalmayev sublinha a importância de ver quem será o substituto de Yermak na chefia de gabinete. "Acho que Zelensky faria bem em escolher alguém mesmo do campo da oposição ou alguém neutro. É preciso que o sucessor de Yermak tenha imensa experiência em política externa."

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