Considerado um dos políticos mais poderosos e controversos de sua geração, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney, foi uma das vozes mais influentes do Partido Republicano e um dos principais formuladores da política norte-americana no início do século XXI. Ele morreu nesta segunda-feira (3/11), aos 84 anos. A notícia foi confirmada pela família, que divulgou um comunicado à imprensa neste terça (4/11), informando que ele morreu em casa, em decorrência de uma pneumonia e por complicações por problemas cardíacos e vasculares.
Nascido em 30 de janeiro de 1941, em Lincoln, Nebraska, Richard Bruce Cheney iniciou a trajetória política ainda jovem, integrando o gabinete do presidente Richard Nixon e, mais tarde, tornando-se chefe de gabinete da Casa Branca no governo Gerald Ford, em 1975. Formado em Ciência Política, a experiência consolidou sua reputação como estrategista disciplinado e discreto, características que o acompanhariam ao longo da carreira.
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Em 1978, Cheney foi eleito deputado federal pelo estado de Wyoming, cargo que ocupou por seis mandatos consecutivos. Na Câmara, destacou-se pela defesa de políticas conservadoras e pela proximidade com setores militares e empresariais.
Durante o governo de George H. W. Bush, em 1989, assumiu o cargo de secretário de Defesa, sendo responsável por comandar as forças armadas norte-americanas durante a Guerra do Golfo, em 1991. A operação, que expulsou as tropas de Saddam Hussein do Kuwait, projetou Cheney como um líder firme em tempos de crise e reforçou sua imagem de administrador meticuloso e adepto de soluções militares.
Em 2000, George W. Bush o escolheu como candidato a vice-presidente na chapa republicana. Com a vitória, Cheney tornou-se um dos vices mais poderosos da história dos Estados Unidos. Seu papel nos bastidores ultrapassava o de conselheiro: ele teve influência direta na formulação de políticas de segurança, energia e defesa.
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Após os atentados de 11 de setembro de 2001, Cheney esteve no comando do bunker de segurança da Casa Branca e articulou a resposta imediata do governo. Foi dele a voz mais firme na defesa das guerras no Afeganistão e no Iraque, justificadas pela ameaça do terrorismo e pela suspeita, nunca confirmada, de que o regime iraquiano possuía armas de destruição em massa.
A invasão do Iraque, em 2003, marcou o ponto mais controverso de sua carreira. As falhas nas informações de inteligência e o prolongamento do conflito abalaram a imagem do governo Bush e deixaram Cheney associado à política intervencionista e às denúncias de tortura em prisões secretas da CIA.
Em paralelo, ele também presidiu o grupo de formulação de políticas energéticas da Casa Branca, acusado de favorecer grandes corporações do setor petrolífero. O episódio alimentou críticas sobre sua ligação com empresas e sobre a falta de transparência no governo.
Rompimento com Trump e apoio a Kamala Harris
Após deixar o cargo em 2009, Cheney passou por problemas cardíacos graves, que o levaram a um transplante de coração em 2012. Mesmo assim, manteve presença constante no debate público, defendendo as decisões de seu governo e se opondo ao que considerava “enfraquecimento” da política de segurança nacional durante o governo Obama. No entanto, elogiou a decisão do democrata de autorizar a operação militar no Paquistão que acabou matando Osama bin Laden.
Com a ascensão de Donald Trump, Cheney se distanciou do próprio partido. Ele e sua filha, a ex-deputada Liz Cheney, tornaram-se algumas das vozes republicanas mais críticas ao ex-presidente. Ambos condenaram a tentativa de subversão do resultado eleitoral de 2020 e o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, considerando o episódio uma ameaça direta à democracia americana.
Em um gesto histórico, Cheney declarou apoio à democrata Kamala Harris na corrida presidencial de 2024, afirmando que Trump “representa o maior perigo para a república” desde a fundação do país. A decisão selou sua ruptura definitiva com o trumpismo e o colocou em um raro grupo de republicanos veteranos que se alinharam à oposição em nome da estabilidade institucional.
Dick Cheney será lembrado como um dos vice-presidentes mais poderosos e controversos da história dos Estados Unidos. Para seus admiradores, foi um homem de princípios firmes, cuja atuação garantiu a segurança do país em momentos críticos. Para seus críticos, um símbolo de excessos — de poder, de sigilo e de força militar.
A trajetória dele revela o equilíbrio tenso entre segurança e liberdade que marcou o início do século XXI. E, até o fim da vida, Cheney demonstrou que, mesmo após décadas no coração do poder, nunca deixou de enxergar a política americana como um campo de disputas morais e institucionais sobre o próprio destino da democracia.
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