Estados Unidos

Trump contra-ataca e promete investigar Bill Clinton no caso Epstein

Mencionado em vários e-mails trocados pelo pedófilo e traficante sexual Jeffrey Epstein, o presidente republicano anuncia inquérito federal sobre a relação entre o criminoso e lideranças democratas, incluindo o antecessor Bill Clinton

Depois de seu nome aparecer em vários e-mails enviados pelo pedófilo e traficante sexual Jeffrey Epstein, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, resolveu partir para a ofensiva. Não somente acusou os democratas de montarem uma "farsa", mas também decidiu solicitar um inquérito federal para apurar laços do financista criminoso com Bill Clinton, 79 anos, que governou os Estados Unidos entre 1993 e 2001. "Agora, que os democratas estão usando a fraude Epstein para tentar e desviar o foco de seu desastroso shutdown, e todos os seus outros fracassos, eu pedirei à procuradora-geral Pam Bondi, e ao Departamento de Justiça, junto aos nossos grandes patriotas do FBI (polícia federal americana), para que investiguem o envolvimento de Jeffrey Epstein e seu relacionamento com Bill Clinton, Larry Summers, Reid Hoffman, J. P. Morgan Chase e muitas outras pessoas e instituições", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.

"Registros mostram que esses homens, e muitos outros, passam largas porções de suas vidas com Epstein, e em sua 'ilha'. Fiquem ligados!", acrescentou. Summers, 70, foi secretário do Tesouro do governo Clinton; Hoffman, 58, é empresário, cofundador e presidente executivo do LinkedIn; e a J. P. Morgan Chase é uma das maiores instituições de serviços financeiros do mundo. Em nova publicação, no mesmo ambiente virtual, o presidente republicano acusou os democratas de fazerem "tudo o que podem, com seu poder decadente, para impulsionar novamente a farsa sobre Epstein, apesar de o Departamento de Justiça ter publicado 50 mil páginas de documentos". 

Charly Triballeau/AFP - O democrata Bill Clinton governou o país entre 1993 e 2001

Trump sublinhou que Epstein "era democrata". "É um problema dos democratas, não dos republicanos. Alguns republicanos fracos caíram nas garras (dos democratas) porque são frouxos e tolos", criticou o presidente. A Câmara dos Representantes pretende votar um projeto de lei que determina a publicação de todos os documentos do caso Epstein, na próxima semana. O banco J. P. Morgan Chase, que anunciou o pagamento de US$ 290 milhões (ou R$ 1,54 bilhão) às vítimas de Epstein, declarou: "Lamentamos as relações que mantivemos com este homem, mas não o ajudamos a cometer suas ações odiosas". 

A procuradora-geral Pam Bondi sinalizou, por meio de uma postagem na rede social X, que o Departamento de Justiça atuará "com diligência e honestidade para dar respostas ao povo americano". A investigação ficará sob a incumbência de Jay Clayton, um ex-titular da SEC (comissão que regula o mercado financeiro nos EUA) que foi alçado ao posto de promotor pelo próprio Trump. 

Professor de ciência política da Faculdade de Governo John F. Kennedy da Universidade de Harvard, Matthew Baum acredita que a estratégia de Trump envolve desvio de atenção. "Imagino que seja uma tentativa de desviar o foco da controvérsia de Epstein dele mesmo para outra pessoa, neste caso, um democrata proeminente (Clinton)", afirmou ao Correio, por e-mail. "Este é um dos poucos assuntos que dividem a coalizão Make America Great Again ('Tornar os EUA grandes novamente'). Portanto, ele prefere que as notícias se concentrem em praticamente qualquer outra coisa."

Para Baum, o escândalo envolvendo os e-mails de Epstein devolve a controvérsia às primeiras páginas dos noticiários. "Talvez isso aumente o ímpeto para a petição de desobstrução na Câmara dos Representantes, o que autorizaria a divulgação de todos os arquivos do caso Epstein que estão em posse do Legislativo. Acredito que, antes mesmo da divulgação de algumas das mensagens, havia 218 votos a favor desse pedido de fim de sigilo", comentou o professor de Harvard. Ele entende que as citações a Trump nos e-mails podem prejudicar os esforços da Casa Branca para pressionar deputados republicanos a votarem contra a divulgação total dos documentos. 

E-mails 

As mensagens eletrônicas divulgadas na quarta-feira (14/11) pelos democratas da Câmara dos Representantes sugerem que Trump tinha conhecimento das práticas criminosas de Epstein. "Eu sei o quão sujo Donald é", escreveu o financista a Kathryn Ruemmler, ex-conselheira da Casa Branca durante o governo de Barack Obama. Os e-mails também revelaram que Trump "sabia sobre as garotas" e até "passou várias horas" com uma delas. Em um dos textos, Epstein disse que poderia derrubar o presidente dos Estados Unidos.

U.S. Southern Command - O USS Gerald R. Ford, maior porta-aviões do mundo, desloca-se pelo Mar do Sul do Caribe, próximo à Venezuela

Pentágono divulga fotos de porta-aviões e detalha Operação Lança do Sul 

O U.S. Southern Command (Comando do Sul dos Estados Unidos) divulgou imagens do USS Gerald R. Ford, o maior porta-aviões do mundo, deslocando-se pelo Mar do Sul do Caribe, acompanhado de oito caças, um cargueiro e três destróieres. Também ontem, um dia depois de anunciar a Operação Lança do Sul, às portas da Venezuela, o Pentágono esclareceu que a iniciativa busca "formar uma força operacional conjunta em torno do quartel-general da segunda missão expedicionária de marines (fuzileiros), a fim de incrementar a capacidade para detectar, desarticular e desmantelar as redes de tráfico, (...) junto aos países sócios". Ainda segundo o Pentágono, a estratégia se concentrará no mar, com patrulhas marítimas, vigilância aérea, interceptações de precisão e intercâmbio de inteligência. O general de brigada aposentado venezuelano António Rivero González não crê que os EUA iniciarão uma guerra de confrontação contra a Venezuela. "Será uma operação, fundamentalmente, de captura. Os americanos têm superioridade e inteligência para se sobrepor a qualquer adversidade ou inimigo; neste momento, o regime de Nicolás Maduro e o Cartel Los Soles", afirmou à reportagem. 

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