
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, usou sua plataforma Truth Social para intensificar ainda mais a pressão sobre a Venezuela e chamar o regime de Nicolás Maduro de "organização terrorista estrangeira". "A Venezuela está completamente cercada pela maior Armada reunida na história da América do Sul. Ela só tende a crescer, e o choque para eles será algo sem precedentes — até que devolvam aos Estados Unidos da América todo o petróleo, terras e outros bens que nos roubaram", escreveu o republicano. O titular da Casa Branca acusou o "regime ilegítimo de Maduro" de usar o petróleo "desses campos roubados" para financiar a si mesmo, o narcotráfico de pessoas, assassinatos e sequestros.
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"Pelo roubo de nossos bens e por muitos outros motivos, incluindo terrorismo, tráfico de drogas e tráfico de pessoas, o regime venezuelano foi designado como uma organização terrorista estrangeira. Portanto, hoje, estou ordenando um bloqueio total de todos os petroleiros sancionados que entram e saem da Venezuela", acrescentou Trump. Ele avisou que os EUA não permitirão que criminosos, terroristas ou outros países roubem, ameacem ou causem danos à nação. "Da mesma forma, não permitiremos que um regime hostil se apodere de nosso petróleo, terras ou quaisquer outros ativos, os quais devem ser devolvidos aos EUA imediatamente", avisou.
Washington sacudiu o mercado de petróleo em 10 de dezembro ao interceptar e apreender um navio-tanque que estava sancionado pelo Departamento do Tesouro, e que tinha acabado de sair da Venezuela carregado de petróleo. Os Estados Unidos ficaram com a embarcação e o combustível, o que foi classificado pelo regime de Maduro um "roubo descarado". Washington também anunciou sanções contra seis empresas do setor de transporte de petróleo e seis navios-tanques. A agência de notícias France-Presse informou que Caracas produz aproximadamente 930 mil barris diários, e a maior parte de suas exportações vai para a China.
Analista político da Universidade Internacional da Flórida e ex-diplomata turco que morou entre 2014 e 2016 em Caracas, Imdat Oner explicou ao Correio que Trump depende da aprovação do Congresso para lançar uma operação militar terrestre na Venezuela. "Além disso, há um forte repúdio político provocado pelo incidente de 2 de setembro", disse, ao citar o bombardeio a dois sobreviventes que se agarravam a uma lancha supostamente usada pelo narcotráfico venezuelano. "As opções de Trump são cada vez menos viáveis. Por isso, a estratégia, agora, é a apreensão de petroleiros venezuelanos como forma de golpear a receita do regime de Maduro e isolá-lo internacionalmente. Isso, sem assumir os custos de uma operação militar", acrescentou, por meio do WhatsApp.
De acordo com Oner, na prática, trata-se de uma "máxima pressão 2.0", que tem por objetivo enfraquecer o regime de Maduro e forçar uma mudança política imediata. Por sua vez, José Vicente Carrasquero Aumaitre, professor de ciência política da Universidad Simón Bolívar (em Caracas), admitiu ao Correio que o governo Trump ampliou a pressão sobre o regime de Maduro. "Agora, ele busca sufocar Maduro financeiramente. Se o regime não comercializar petróleo, não terá recursos. Ao classificá-lo como organização terrorista, Trump o converte em alvo das Forças Armadas dos Estados Unidos", disse. "É uma nova escalada, me parece que definitiva, para pressionar a saída de Maduro. A questão é saber se Maduro entenderá isso dessa maneira."
China
General de brigada aposentado, o venezuelano António Rivero González entende que o bloqueio absoluto do comércio de petróleo da Venezuela a outros países, especialmente à China, é o "corolário das sanções econômicas aplicadas pelos Estados Unidos contra o regime de Maduro". "É a decisão definitiva para que Maduro siga abastecendo-se de dinheiro. A medida parece impactar a relação econômica de Caracas com Pequim", afirmou ao Correio. "O tema está na anulação da China como comprador do petróleo venezuelano."
Rivero lembrou que o Departamento de Estado e o Departamento do Tesouro haviam denominado o regime de Maduro como organização terrorista. "O cartel de Los Soles, agora, é considerado um grupo criminoso infiltrado pelo regime", advertiu o general, que deixou a Força Armada Nacional Bolivariana em 2010 e se exilou em Miami quatro anos depois.
"Certamente, a Venezuela está completamente cercada e, a qualquer momento, pode ter início uma intervenção terrestre", advertiu o ex-militar. Na segunda-feira, Trump designou o fentanil — um potente opioide que causou uma crise de saúde pública nos Estados Unidos — como arma de destruição de massa. "Nenhuma bomba causa o dano que isto está fazendo: entre 200 mil e 300 mil pessoas morrem a cada ano, que nós sabemos", declarou o presidente, durante um evento no Salão Oval.
O general de brigada crê que uma eventual intervenção terrestre deverá mirar lideranças do regime de Maduro que teriam relação direta com o cartel de Los Soles. "Hoje (16/12), três lanchas foram bombardeadas. Essas operações dos EUA no Mar do Sul do Caribe têm sido contínuas", acrescentou.

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