REDES SOCIAIS

Análise: YouTube, WhatsApp ou Facebook; onde está a desinformação?

As redes sociais são fundamentais para democratizar o acesso à informação, mas estão sujeitas a serem utilizadas para disseminar teorias da conspiração. É o caso da tal cidade perdida de Ratanabá, que nos leva a uma pergunta: "Quem quer acreditar nisso?"

Roberto Fonseca
postado em 17/06/2022 07:00 / atualizado em 17/06/2022 08:09
 (crédito: Reprodução/YouTube)
(crédito: Reprodução/YouTube)

Há uma importante mudança em andamento em relação ao consumo de notícias, via redes sociais, no Brasil. Pela primeira vez, o YouTube se tornou a principal forma de o brasileiro se informar nas plataformas digitais. Dados do recém-divulgado Digital News Report, do Instituto Reuters, apontam que o canal de vídeos do Google é o meio preferido para 43% dos entrevistados como fonte de informação.

Na sequência, aparecem WhatsApp (41%), Facebook (40%), Instagram (35%), Twitter (13%) e TikTok (12%) — a soma dá mais de 100% porque o entrevistado pode citar mais de uma rede. Com 113 milhões de usuários brasileiros por mês, segundo números apresentados nesta semana no Google for Brasil, evento realizado em São Paulo, o YouTube ganhou espaço durante a pandemia do novo coronavírus. Com as medidas de distanciamento social adotadas, as lives se tornaram uma forma de entretenimento e de discussão de problemas do nosso dia a dia.

Outro ponto que contribuiu foi o aumento de canais segmentados. Praticamente todo o tipo de assunto está lá. Basta pesquisar e encontrar o tema de interesse. E é justamente esse ponto que merece uma atenção especial, principalmente no que tange à disseminação de teorias da conspiração. Quer um exemplo recente? A tal cidade perdida no meio da Amazônia: Ratanabá. Nos últimos dias, a suposta revelação da civilização antiga de tecnologia avançada virou um dos assuntos mais comentados das redes sociais.

E um dos principais canais de distribuição da fake news amazônica foi o YouTube. Vídeos sobre a suposta descoberta da cidade existente a 450 milhões de anos — a ideia é tão maluca que, nessa época, sequer existia a América do Sul — têm mais de 1 milhão de visualizações. Assim esbarramos mais uma vez na discussão sobre até onde vai a liberdade de expressão se ela é utilizada para espalhar desinformação. É uma linha muito tênue, em que se corre o risco da censura prévia.

Sabemos que a disseminação de notícias falsas não é um fenômeno novo. Sempre existiu, mas ganhou força com o avanço da tecnologia, já que permite que sejam acessadas e espalhadas em poucos minutos. O problema é sobre como atuar para evitar os estragos delas. E a melhor forma, na minha opinião, é trabalhar a contrainformação. Se estão falando da tal Ratanabá, é nosso dever mostrar os motivos pelos quais não faz nenhum sentido algum a existência da tal cidade do tempo paleozoico. Notícia boa não é a que você quer ler ou a que gosta, mas a que está muito bem apurada e explica a realidade.

 


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