Os tempos de incerteza no Brasil, definitivamente, parecem estar ficando para trás. Ainda que os desafios de se recolocar o país novamente nos trilhos permaneçam, é possível olhar para o horizonte e ver perspectivas alvissareiras para a economia. Não à toa, a confiança de empresários e consumidores aumentou e, entre as multinacionais, o mercado brasileiro desponta como um dos mais promissores do planeta.
As projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que começaram o ano próximas de 0,5%, caminham para 2,5%, com chances de bater em 3%. Para 2024, as previsões são de avanço semelhante, o que resultará em mais empregos e renda. A inflação, que há pouco mais de um ano, rondava em 10%, está abaixo de 4%, abrindo as portas para que, enfim, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central inicie o processo de corte da taxa básica de juros, de 13,75% ao ano, desproporcionalmente alta ante o atual comportamento dos preços.
Uma série de fatores contribuíram para que o Brasil saísse da letargia, provocada por uma grave crise política. A tensão entre os Poderes se dissipou, as dúvidas sobre a forma como o atual governo conduziria a economia diminuíram consideravelmente, o compromisso com a responsabilidade fiscal voltou a ser regra e houve o efetivo combate à inflação. Mais: a atividade econômica, puxada expressivamente pelo agronegócio, mostrou-se mais forte do que se imaginava e o Congresso redobrou os esforços para levar adiante projetos que vão mudar o ambiente de negócios no país, em especial, a reforma tributária.
Não há exagero em dizer que a normalidade voltou a ser regra no Brasil, um ganho excepcional para a sociedade. É nesse contexto que se espera ações concretas do governo, sem demagogia, para resolver os graves problemas que se acumularam nos últimos anos, o mais urgente deles, o combate à fome. Dados divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU) apontam que o país tem 21,1 milhões de pessoas que não têm o que comer, um aumento de 37% no triênio 2020-2022. Não é possível que a miséria absoluta continue afetando quase 10% da população, a maioria, mulheres e crianças.
O Brasil já deu provas de que políticas sociais focadas trazem resultados concretos. Mas somente programas bancados pelo governo não serão suficientes para que o flagelo da extrema pobreza seja limado do mapa. É por meio do crescimento consistente da economia que se reduz, efetivamente, as desigualdades entre pobres e ricos e se abrem oportunidades para aqueles que vivem em situação de vulnerabilidade. Não há mágicas nesse processo. E todas as vezes em que o Brasil tentou pular etapas, recorrendo a estripulias, o resultado foi perverso.
Enquanto o avanço do PIB vai se consolidando — isso ficará mais claro ao longo do segundo semestre —, a forte queda da inflação terá papel importante neste momento para facilitar a vida das camadas menos favorecidas da população. Afinal, a maior parcela dos alimentos ficou mais barata e as estimativas são de novas quedas nos próximos meses. Essas expectativas se baseiam no forte recuo dos preços no atacado, ou seja, no início da cadeia que vai até os consumidores. O valor do trigo e do boi gordo acumula queda de 17% no ano e o do milho, de 22%. Parte disso será repassada para as gôndolas dos supermercados.
Aqueles que detêm o poder de decisão têm a responsabilidade de não deixar esse quadro virtuoso se perder no meio do caminho. A população brasileira não aceitará mais arcar com os erros daqueles aos quais confiaram o destino no país. Mesmo com as recentes conquistas e com o reforço da democracia, as demandas continuam enormes. É hora de agir com bom senso, sem voluntarismos, para que o Brasil saia do campo das promessas e se encontre com o futuro. Previsibilidade, responsabilidade e transparência formam o tripé do que se espera de uma nação mais justa.
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