Música

Mestre afetuoso 

Documentário celebra a relevância de Dorival Caymmi na história da música popular brasileira, compositou que revolucionou a a canção e influenciou movimentos como a Bossa Nova e a Tropicália

Documentário sobre Dorival Caymmi chega ao Cine Cultura Liberty Mall -  (crédito: Mario Luiz Thompson/ Divulgação)
Documentário sobre Dorival Caymmi chega ao Cine Cultura Liberty Mall - (crédito: Mario Luiz Thompson/ Divulgação)

Um homem de afetos. Nada mais apropriado para o subtítulo do documentário que celebra um dos artistas de maior relevância na história da música popular brasileira, o genial Dorival Caymmi. Em cartaz no Cine Cultura, no Liberty Mall, o filme, dirigido por Daniela Broitman, celebra a trajetória de um artista que revolucionou a canção no país e influenciou movimentos como a Bossa Nova e a Tropicália. Na realização do filme, a diretora se baseou numa entrevista de 1998, feita para uma produtora de comerciais e filmes já extinta, que não chegou a ser publicada. A captação foi em película, mas só existia uma cópia digital em péssimo estado de conservação e salva na fase de finalização.

Broitman não queria um filme televisivo, mas algo com acabamento e cores de cinema para entrar na atmosfera do universo do cantor e compositor baiano. A entrevista, uma conversa informal, ocorreu na casa de Marcelo Machado, grande amigo de Caymmi. O compositor faz comentários sobre algumas das canções, entre as quais O vento, que abre e fecha o documentário.Trata-se de uma composição importante da obra do mestre, que tinha ligação afetiva com os pescadores, o mar, a natureza e a religiosidade do culto de matriz africana. Outras canções vieram do registro de um ensaio na casa de Tom Jobim para um show de Caymmi, do maestro soberano e das respectivas famílias.

O longa-metragem traz também depoimentos de Caetano Veloso, Gilberto Gil, João Bosco, da filha Nana Caymmi, dos filhos Dori e Danilo e de pessoas que foram próximas do mestre; e recupera um histórico vídeo de Carmen Miranda, interpretando o clássico O que é que a baiana tem?

Dorival Caymmi partiu para outra dimensão em 2008, aos 94 anos, no Rio de Janeiro, onde chegou ainda jovem. Na praia de Copacabana, bairro em que morou durante vários anos, há uma escultura, à altura da Rua Ronald de Carvalho, que contribui para mantê-lo vivo na memória dos cariocas e dos brasileiros em geral. Homenagens ao mestre foram prestadas em Brasília neste ano. A primeira por Dori Caymmi, em 12 de julho, no Espaço Cultural do Choro; e a segunda por Danilo Caymmi, em 2 de agosto, pelo projeto JK Jazz Festival, no Iate Clube. Em maio de 2023, o compositor foi reverenciado teatro da Caixa Cultural com a ópera Caymmar, apresentada por jovens cantores e atores, sob direção artística de Helton Tinoco, no teatro da Caixa Cultural. 

Irlam Rocha Lima
IR
postado em 17/12/2024 06:00
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