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Novo marco da EaD e a oportunidade de uma nova era da educação superior

Dentro do ambiente universitário, o novo marco regulatório também exige adaptações na infraestrutura

Trabalho e Formação EaD 1304 -  (crédito: Caio Gomez)
Trabalho e Formação EaD 1304 - (crédito: Caio Gomez)

JANES FIDÉLIS TOMELIN, vice-presidente acadêmico da Ânima Educação

O Brasil inicia uma nova era da educação superior com a publicação do marco regulatório da Educação a Distância (EaD). O cenário desafiador, que impacta milhões de estudantes de graduação no país, é também um movimento de inovação, reposicionamento estratégico e de compromisso com a formação cidadã e profissional, algo que vai além da dicotomia entre formação presencial e digital. O novo regramento mostra que o futuro da educação superior está na integração entre ciência da aprendizagem, tecnologia e inovação.

As novas normas redesenham o mapa da oferta educacional brasileira, estabelecendo três formatos de cursos — presencial, semipresencial e a distância — com exigências mínimas de presencialidade, fim da figura do tutor tradicional e ênfase em competências e qualidade.

Enquanto muitos concentram o debate nas métricas de presencialidade, outros, com práticas mais avançadas e necessidades mínimas de adequação, como é o caso da Ânima Educação, ampliam o olhar para uma nova arquitetura pedagógica, orientada não mais por disciplinas tradicionais, mas por competências, principalmente, em cursos como direito, engenharias, odontologia e os das áreas da saúde.

No centro dessa transformação pedagógica, está a neuroaprendizagem, campo que integra descobertas da neurociência às práticas educacionais. O cérebro humano não aprende pelo acúmulo de conteúdo, mas por conexões afetivas, desafios reais e interação significativa. Estudos da Universidade de Harvard e do Massachusetts Institute of Technology (MIT) demonstram que o engajamento emocional pode aumentar a retenção de conhecimento em até 70%, enquanto a aprendizagem passiva resulta em 10% de retenção após uma semana.

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Conectado com os novos modelos de ensino e aprendizagem, algumas instituições incorporam experiências que mobilizam a vivência multimodal, estimulando diferentes regiões cerebrais simultaneamente. Isso se traduz em metodologias como aprendizagem baseada em problemas, simulações de alta fidelidade e laboratórios de imersão, onde os estudantes enfrentam desafios que replicam situações profissionais reais.

O decreto traz à tona um outro ponto fundamental na formação dos estudantes e na preparação deles para os desafios de um mundo em constante transformação: o da concepção de ambiente profissional. Ele estabelece que “as atividades presenciais poderão ocorrer em diversos ambientes, como na sede da instituição de educação superior, nos campi fora das sedes, no polo EaD, em ambiente profissional, em espaços para atividades de extensão ou em outros espaços de aprendizagem, ampliando as possibilidades formativas”.

Ambiente profissional é concepção de aprendizagem imersiva, e não definição de espaço físico. Em algumas instituições de ensino, essa visão vem sendo implementada há alguns anos, com a Metodologia Dual, que integra teoria e prática em ambientes profissionais reais. Mais do que um estágio ou visita técnica, o objetivo é oferecer formação em ambiente profissional, com problemas reais e mentoria compartilhada entre professores e empresa. O resultado é um aluno com competências socioemocionais robustas, especialmente em resolução de problemas complexos e trabalhos colaborativos, e maior taxa de empregabilidade.

Dentro do ambiente universitário, o novo marco regulatório também exige adaptações na infraestrutura. Não se trata apenas de ter salas de aula e laboratórios, mas de criar ecossistemas de aprendizagem onde o físico e o digital se integram de forma fluida, com a combinação de laboratórios com tecnologias de realidade aumentada e virtual, permitindo experiências imersivas que ampliam o potencial pedagógico.

Para lidar com isso, o docente terá um papel central, também transformado a partir do novo marco. Os professores deixam de ser repetidores de conteúdos para assumir papel ativo, com formação qualificada e responsabilidade direta na jornada de aprendizagem, o que exige qualificação contínua desse educador com oportunidade de formação ampliada.

Vivemos um momento de mudança, inquietação entre os estudantes, professores e instituições de ensino, que se organizam para colocar em prática as novas diretrizes estabelecidas. É preciso lembrar que o novo regramento não pegou de surpresa aquelas organizações que têm a qualidade como pilar inegociável. As novas regras são uma oportunidade para refinarmos nossas práticas e oferecer para o estudante e ao país uma formação integral, preparando, principalmente nossos jovens, para um mercado de trabalho cada vez mais dinâmico e exigente.

postado em 25/06/2025 06:06
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