ARTIGO

Saúde como motor da economia: o investimento que o Brasil não pode ignorar

Tratar a obesidade e suas consequências não é um custo, mas um dos investimentos mais inteligentes que um país pode fazer.

Dados genéticos de 5 milhões de pessoas mostraram as tendências ao sobrepeso -  (crédito: Freepik)
Dados genéticos de 5 milhões de pessoas mostraram as tendências ao sobrepeso - (crédito: Freepik)

LEONARDO BIA, vice-presidente de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade da Novo Nordisk

A saúde de uma nação é o seu maior ativo. Mais do que um pilar social, é um motor de produtividade, estabilidade e prosperidade. No entanto, o Brasil enfrenta uma crise silenciosa que ameaça drenar nossos recursos e comprometer nosso futuro: a epidemia de doenças crônicas, liderada pela obesidade.

Os números são um alerta contundente. Hoje, quase um terço dos adultos brasileiros vive com obesidade, segundo o Atlas Mundial da Obesidade 2025. As projeções indicam que, até 2044, essa condição pode afetar quase metade da população, resultando em 10,9 milhões de novos casos de doenças associadas e 1,2 milhão de mortes, a maioria por eventos cardiovasculares, de acordo com um estudo da Fiocruz. O custo direto para o Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento de doenças relacionadas ao excesso de peso já ultrapassa R$ 1,5 bilhão anuais.

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Tratar a obesidade e suas consequências não é um custo, mas um dos investimentos mais inteligentes que um país pode fazer. Em outras palavras, saúde não é gasto — é investimento. A ciência, felizmente, nos oferece hoje ferramentas revolucionárias para mudar essa trajetória. Uma nova classe de medicamentos, liderada pela molécula semaglutida, está redefinindo o tratamento da obesidade e do diabetes tipo 2, e seus benefícios se traduzem em economia direta para os cofres públicos.

Análises de estudos robustos mostram que, além da perda de peso, o tratamento com semaglutida reduz significativamente as internações hospitalares por qualquer motivo. Isso significa menos leitos ocupados, menos gastos emergenciais e mais recursos disponíveis para outras áreas críticas da saúde. Um estudo de vida real (STEER) comprovou uma redução de 57% no risco de eventos cardiovasculares graves, como infartos e AVCs, em pacientes com obesidade e doença cardíaca pré-existente. Outra pesquisa, o estudo FLOW, demonstrou uma diminuição de 24% na progressão da doença renal crônica em pessoas com diabetes tipo 2. Na prática, estamos prevenindo eventos caros, incapacitantes e que sobrecarregam nosso sistema de saúde.

Talvez, o maior ganho econômico venha da prevenção. A mesma terapia demonstrou reverter o pré-diabetes em até 90% dos pacientes, reduzindo em 77% o risco de desenvolvimento de diabetes tipo 2.

Mas como nascem essas revoluções terapêuticas? Elas não são fruto do acaso. São o resultado de décadas de pesquisa, investimentos bilionários e um risco altíssimo. Estima-se que o desenvolvimento de uma nova molécula custe, em média, US$ 2,6 bilhões, e que apenas um em cada 5 mil compostos pesquisados chegue, de fato, ao mercado.

Esse ecossistema de inovação depende de um pilar fundamental: um ambiente de negócios que ofereça previsibilidade e segurança jurídica, valorizando a propriedade intelectual. É essa garantia que permite a empresas inovadoras, como a Novo Nordisk, reinvestir massivamente em pesquisa e desenvolvimento, financiando a próxima geração de tratamentos que salvarão vidas.

A escolha do Brasil é estratégica: podemos tratar a saúde como um centro de custo, arcando com as consequências crescentes das doenças crônicas, ou podemos abraçá-las como um vetor de desenvolvimento. Investir em tratamentos inovadores, que mantêm as pessoas saudáveis, ativas e produtivas, e garantir um ecossistema que atraia e proteja a pesquisa de ponta não é apenas uma decisão de saúde pública. É uma decisão econômica crucial para o futuro próspero que todos almejamos.

Nosso compromisso com o Brasil é de longo prazo e se materializa em ações concretas. Investimos R$ 6,4 bilhões na expansão de nossa fábrica em Montes Claros (MG), o maior investimento farmacêutico privado da história do país, que gerará mais de 7 mil empregos diretos e indiretos. Essa planta, que já é responsável por 25% das exportações de fármacos do Brasil, é um exemplo do que é possível construir quando há um ambiente favorável à inovação.

 


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postado em 08/09/2025 06:01
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