ARTIGO

Estrela santamarense

Mais uma importante página foi inserida na história da música popular brasileira pelo especial comemorativo dos 60 anos da trajetória de Maria Bethânia.

Mais uma importante página foi inserida na história da música popular brasileira pelo especial comemorativo dos 60 anos da trajetória de Maria Bethânia. A cantora pertence à geração de nosso cancioneiro, surgida em meados de 1960, ao lado do irmão Caetano Veloso, de Chico Buarque, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Edu Lobo, Paulinho da Viola, Tom Zé e da saudosa Gal Costa.

O programa exibido pela Globo News proporcionou a Bethânia revisitar diferentes momentos de sua vitoriosa carreira iniciada em 1964 em Salvador, com o espetáculo Nós por exemplo, marco da inauguração do Teatro Vila velha, em que dividiu o palco com Caetano, Gil, Tom Zé e Gal Costa, acompanhados pelo violonista barreirense Alcyvando Luz. 

Nascida em Santo Amaro da Purificação, no recôncavo baiano, Bethânia, ainda na adolescência, foi para Salvador, onde, inicialmente, se dedicou às artes cênicas, chegando a participar de peças de teatro. Pouco tempo depois, acompanhada por Caetano, seguiu para o Rio de Janeiro, onde substituiu Nara Leão no musical Opinião, que estava em cartaz num teatro homônimo, localizado no primeiro shopping carioca, na Rua Siqueira Campos.

A participação chamou a atenção do público e da crítica, principalmente pela interpretação de Carcará, do maranhense João do Vale, pelas duras críticas que eram feitas à ditadura militar, que acabara de ser deflagrada. Dali em diante, Bethânia passou a conviver com o sucesso e os elogios todas as vezes em que subiu ao palco ou que lançou um disco. 

Muitos deles fazem parte da minha coleção. Me recordo da entrevista que fiz com ela no Rio, em 1993, quando divulgava o As canções que você fez pra mim, só com músicas de Roberto Carlos. Prazerosamente, assisti a incontáveis shows da estrela — entre os quais, Rosa dos ventos, de 1972, o primeiro para grandes plateias, no Teatro da Praia, em Copacabana; e o mais recente aqui em Brasília, que ela fez com Caetano, em  9 de novembro do ano passado. Mas não posso me esquecer do Brasileiro, profissão esperança, com o ator Ítalo Rossi, na Sala Martins Penna do Teatro Nacional, em 1970; e do Brasileirinho — Que falta você me faz, em homenagem a Vinicius de Moraes, na Sala Villa Lobos, há nove anos.

Entre seus galardões, há o que recebeu da Mangueira, com o enredo A menina dos olhos de Oyá, no desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, em 2019. Em 2005, a cantora foi tema do documentário Música é perfume, do francês Georges Gachot. Doze anos depois, foi lançado Fevereiros, dirigido por Marcio Debellian, que recuperou imagens dos familiares da artista, em situações diversas, na sua cidade natal.     

Há dois anos, em fevereiro, estive em Santo Amaro, onde assisti ao que ficou conhecido como Novenas de Dona Canô (mãe da cantora), que partiu para outra dimensão em 25 de dezembro de 2012. Tive o privilégio de saborear a frigideira de maturi, criada por ela e registrada no livro O sal é um dom, escrito por Mabel Veloso, a filha primogênita. Na mesa, estavam, além de Mabel, os irmãos Rodrigo e Roberto. A eles presenteei com o Minha trilha sonora, o livro que lancei em 2015, quando celebrei 40 anos como repórter e colunista do Correio Braziliense.

 


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