
Hoje, Brasília será palco da 2ª Marcha das Mulheres Negras do Brasil, que levará para a Esplanada dos Ministérios o tema "A reparação e o bem-viver", uma reivindicação para que haja equidade nas políticas públicas. São esperadas mais de 300 mil mulheres de todo o país. Ontem, véspera desse grande evento, foi divulgada a 11ª edição da Pesquisa Nacional de Violência contra Mulher, deste ano, realizada pelo Instituto DataSenado e pela Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra Violência (OMV), que entrevistou 3,7 milhões de brasileiras. Embora a pesquisa não tenha trazido dados específicos sobre às afrodescendentes, elas são maioria não só na população feminina, mas também em número de vítimas das mais diversas formas agressões.
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Segundo a pesquisa, a maioria dos atos de brutalidade contra as mulheres, independentemente de raça/cor, ocorreu na frente de crianças. Em 40% dos episódios, nenhuma testemunha ofereceu ajuda. A sondagem deste ano teve como foco mulheres com 16 anos ou mais, residentes no país, em um universo de 21.641 entrevistadas.
"Essa foi a primeira vez em que a pesquisa investigou a presença de outras pessoas no momento da agressão. O fato de 71% das mulheres serem agredidas na frente de outras pessoas e, dentre esses casos, sete em cada 10 serem presenciados por pelo menos uma criança, mostra que o ciclo de violência afeta muitas outras pessoas além da mulher agredida", ressaltou Marcos Ruben de Oliveira, do Instituto de Pesquisa DataSenado.
Mais da metade das agredidas (58%) buscou o apoio com os familiares; 53% recorreram à igreja e 52% buscaram conforto com amigos, antes de recorrer ao poder público. Só 28% registraram um Boletim de Ocorrência em delegacias da Mulher, e 11%, apelaram para a central de atendimento pelo Ligue 180. A pesquisa evidenciou que a maioria das vítimas da violência doméstica no país tem baixa renda, pouca escolaridade e desconhece as leis e os mecanismos de proteção contraas agressões — 30% são analfabetas e 20% têm ensino fundamental incompleto. Na média geral, 67% das brasileiras conhecem pouco a Lei Maria da Penha, 11% admitiram desconhecer e 21% disseram conhecer bem a legislação. No período entre 2023 e 2025, a Delegacia da Mulher era o órgão com maior índice de conhecimento das mulheres, seguida pela Defensoria Pública e serviços de assistência social.
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As respostas colhidas pela pesquisa sugerem a necessidade de as políticas públicas promoverem a divulgação dos mecanismos de proteção das mulheres, uma vez que a moradia é um dos lugares mais perigosos . Mas, além disso, é preciso criar meios de reeducar os para evitar que os homens agressores cometam um ato letal contra a mulher, antes agredida, como vingança, pelo tempo de privação de liberdade, elevando o número de feminicídios. A 18ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública evidenciou que 64,3% desse tipo de crime ocorre dentro de casa. Quanto a crianças e adolescentes, é essencial um acolhimento adequado para mitigar os traumas provocados pelas cenas de violência no ambiente familiar e impedir que reproduzam o mesmo comportamento deplorável na juventude e na fase adulta. Boa educação é fundamental para combater qualquer ato de violência.
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