
Ana Paula Repezza, diretora de Negócios da ApexBrasil
É estimulante ver o Brasil bem posicionado no mercado global, especialmente onde fazemos a diferença por nossas reservas naturais e postura na transição energética. A participação da ApexBrasil, do governo brasileiro e de instituições parceiras, como o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), na Raw Materials Week 2025 mostrou que há convergência e muito espaço para cooperação entre Brasil e União Europeia, principalmente no tema mineração sustentável.
O evento, organizado pela Comissão Europeia, foi palco de trocas de conhecimento, sobretudo no planejamento de ações estratégicas para os próximos anos. O governo brasileiro quer atrair investimentos europeus de forma a adensar nossa cadeia produtiva do setor mineração, e a ApexBrasil tem trabalhado para atrair investimentos estrangeiros diretos para esse setor estratégico, especialmente focando na agenda de descarbonização. Foram apresentados, no total, 14 projetos parceiros de exploração e transformação mineral com capacidade de investimento total de quase US$ 7 bilhões para os próximos anos. A iniciativa da ApexBrasil e do Ibram busca estimular a exploração e o beneficiamento sustentável de minerais críticos e estratégicos no Brasil.
Essa participação ganha maior relevância com a iminente conclusão do Acordo Mercosul-UE, que vai dinamizar o comércio bilateral, além de trazer mecanismos focados na convergência entre a necessidade europeia de maior acesso aos minerais críticos e a demanda por maior desenvolvimento industrial das cadeias minerais sul-americanas. Estamos falando de níquel, lítio, cobalto, grafite, cobre, titânio, entre outros, fundamentais para tecnologias de energia limpa: carros elétricos, baterias, turbinas eólicas, células a combustível e uso em eletrônicos de consumo, como smartphones, computadores e chips. Esse acordo será um indutor ainda maior dessa aproximação, inclusive com cláusulas que preservam a implementação de políticas de desenvolvimento industrial focadas no setor mineral.
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Tudo isso ocorre no cenário global da transição energética, com o Brasil encerrando, em Belém, a COP30. O país tem não só abundância de reservas desses recursos naturais, mas assumiu como política de governo uma mineração cada vez mais sustentável, tecnológica e responsável com baixíssima emissão de carbono. Ao promover esse diálogo em Bruxelas, a Apex, em nome do governo Lula, reforçou o compromisso do país em atrair investimentos que consolidem o Brasil como parceiro estratégico da Europa em minerais críticos, um dos elementos mais importantes do novo tabuleiro da geopolítica internacional.
Viemos juntos com parceiros, como o Ministério de Minas e Energia (MME), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e o Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), entre outros, que nos ajudaram a apresentar para stakeholders e investidores europeus nosso arcabouço legal em torno da política de mineração no país, incluindo a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos (PNMCE), em processo de formalização. Atentos aos riscos ambientais e sociais na mineração, com a sustentabilidade como pilar.
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Mostramos que, além das reservas que possuímos, estamos construindo políticas públicas confiáveis, dentro da Nova Indústria Brasil (NIB). Isso envolve toda nossa exploração mineral, a energia utilizada no processo de exploração e transformação mineral. É uma energia limpa e renovável, o que dá um lastro de confiabilidade e credibilidade ao nosso processo de beneficiamento de minerais. Isso demonstra a importância e a viabilidade de uma maior cooperação entre Brasil e UE na cadeia de exploração e transformação mineral. Uma convergência de interesses e capacidades com o Brasil, com seus recursos naturais e capacidade de processamento, e a UE, com sua demanda por novo ciclo de transição energética.
Essa é uma das maiores vantagens do Brasil no mundo, e a Europa está ciente. Se já somos essenciais em tantos produtos, pela nossa abundância de recursos naturais e tecnologia na produção agrícola, temos mais esses recursos para capitalizar a demanda global por esses minerais críticos e garantir que o Brasil atraia e concretize investimentos que impulsionem a competitividade e o desenvolvimento sustentável. É a ApexBrasil conectando o potencial mineral do país com o capital e a inovação internacionais, construindo um futuro mais sustentável para todos.

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