ARTIGO

O Agro 4.0 de Goiás: inovação, emprego verde e liderança na sustentabilidade global

Enquanto grande parte do Brasil e do mundo ainda discute se o agro deve ser produtivo ou sustentável, o agro em Goiás já alia produtividade e sustentabilidade. Esses são dois valores indissociáveis em solo goiano

Ronaldo Caiadomédico, produtor rural e governador do Estado de Goiás pelo segundo mandato consecutivo.

O Brasil carrega o destino de alimentar o mundo, sendo responsável por abastecer cerca de 10% da população global. No epicentro dessa missão está Goiás, estado que se tornou pilar de nossa economia. A agropecuária goiana é um vetor de desenvolvimento social e econômico, representando, anualmente, mais de 80% de todo o valor exportado pelo estado, com uma contribuição decisiva para o saldo da balança comercial brasileira.

No momento em que o Brasil sedia a COP30, o modelo de agronegócio desenvolvido em nosso estado nos propõe uma reflexão. Enquanto grande parte do Brasil e do mundo ainda discute se o agro deve ser produtivo ou sustentável, a tecnologia nos levou a avançar para o "e": o agro em Goiás já alia produtividade e sustentabilidade. Esses são dois valores indissociáveis em solo goiano. 

A crítica ideológica que ataca o agronegócio — em grande porção a partir de Brasília — perde de vista a revolução em curso. Como costumo dizer, "um grão de soja tem hoje mais tecnologia embarcada do que um smartphone de última geração". Essa frase traduz a realidade da genética, da ciência do solo e da digitalização que garantem que produzamos mais em áreas já consolidadas, sem avançar sobre o Cerrado.

Essa modernização impulsiona a geração de milhares de empregos de alta qualificação em nosso território. A demanda por agrônomos, engenheiros de dados e técnicos em mecatrônica cresce exponencialmente, elevando o nível de renda e inclusão social. Nossa Universidade Federal de Goiás (UFG) é pioneira — já com profissionais graduados — na oferta de bacharelado em inteligência artificial, segmento que surge como grande aliado do setor produtivo. 

No maior polo do agro goiano, a cidade de Rio Verde, a inovação é lei. As máquinas utilizam sensores e IA para o manejo de insumos em taxa variável, minimizando o uso de defensivos. No campo da pesquisa, temos parceiros como o Centro de Excelência em Inteligência Artificial (CEIA) da UFG para desenvolver softwares de gestão e monitoramento. Drones e veículos autônomos são usados no controle cirúrgico de pragas e na fiscalização ambiental promovida pelo Estado, garantindo a conformidade do campo ao Código Florestal em tempo real e de forma transparente.

A sustentabilidade do agro goiano é passaporte para mercados globais. Entendemos a exigência por certificação ambiental de parceiros externos, especialmente da União Europeia, como oportunidade. Goiás está à frente com o Programa Estadual de Bioinsumos, promovendo uma verdadeira economia verde. Impulsionamos o mercado de biofábricas, como a usina do CEBIO/Instituto Federal goiano em Iporá, que representa o modelo ideal de aproveitamento de resíduos. Ela transforma coprodutos e materiais que seriam descartados em biofertilizantes e agentes de controle biológico. Isso não só fecha ciclos, como consolida o setor na sustentabilidade energética — com o potencial de geração de biogás e biometano a partir de resíduos.

O interesse de investidores internacionais, como demonstrado por governos e entidades do Japão, da Índia e dos EUA — nossos mais recentes interlocutores internacionais — prova que estamos no caminho certo. Eles buscam alianças no Brasil para o desenvolvimento de soluções in-natura e revelaram ver em Goiás um ambiente regulatório favorável (inclusive com legislação pioneira no Brasil para o uso de IA) e um compromisso real com a certificação de sustentabilidade.

Por fim, não podemos negligenciar nossa maior responsabilidade: o Cerrado, o berço das águas. Ele alimenta as principais bacias hidrográficas do país e recarrega grandes aquíferos. Proteger o Cerrado é garantir a soberania hídrica de toda a América do Sul.

Nossa resposta a essa missão é o Cerrado em Pé — Programa Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que protege mais de 15 mil hectares de área. Remuneramos o produtor rural que, voluntariamente e comprovadamente, preserva o bioma. Aquele que recuperar pelo menos uma nascente degradada por ano recebe valor ainda maior. Além disso, o governo de Goiás tem atuado de forma incisiva no projeto Juntos pelo Araguaia, iniciativa multissetorial de recuperação de áreas degradadas e nascentes na bacia do rio, garantindo a sua vitalidade para o turismo, a economia local e o equilíbrio ambiental do Centro-Oeste.

Goiás é, assim, modelo inspirador, no qual a alta produtividade se une à proteção ambiental. Aqui, inovação e sustentabilidade aplicadas ao agronegócio são impulsionadores da soberania alimentar, da inclusão social e da proteção ambiental.

 

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