ARTIGO

A seca do Rio Grande do Sul na Série A do Brasileirão

O Rio Grande do Sul caminha para completar 30 anos sem conquistar a Série A do Campeonato Brasileiro. É grave a seca

ESP-1312-OPINIESPORTES -  (crédito: maurenilson)
ESP-1312-OPINIESPORTES - (crédito: maurenilson)

 O Rio Grande do Sul caminha para completar 30 anos sem conquistar a Série A do Campeonato Brasileiro. É grave a seca. Em 15 de dezembro de 1996, o Grêmio derrotou a Portuguesa-SP por 2 x 0 na velha e abandonada casa em Porto Alegre, o Estádio Olímpico. Lá se vão 10.589 dias sem indicativo de que o jejum será quebrado tão cedo. A dupla Gre-Nal trabalha para se reerguer depois de mais uma campanha lamentável na primeira divisão. O tricolor terminou em nono lugar. O Internacional escapou do rebaixamento no apito final da última rodada.

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Por incrível que pareça, o desempenho em 2024, ano das graves enchentes em Porto Alegre, supera o de 2025. Apesar das paralisações e dos treinos e jogos longe dos respectivos CT’s e estádios atingidos pelo dilúvio, o Internacional esboçou sonhar com o título, fechou em quinto lugar e se classificou para a fase de grupos da Libertadores de 2025. O Grêmio terminou em 14º.

De 1997 a 2002, nenhum time gaúcho alcançou a final nos últimos suspiros do sistema híbrido, com primeira fase e mata-mata. A partir de 2003, entrou em cena a era dos pontos corridos. O atual formato completou 23 anos. Todos os títulos estão divididos entre clubes do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais.

As abstinências são inadmissíveis. Sim, concordo, não faltaram tentativas. O Internacional amargou o vice em 2005, ano marcado pela Máfia do Apito, 2006, 2009, 2020 e 2022. O Grêmio ficou em segundo lugar nas edições de 2008, 2013 e 2023. Portanto, há sinais claros de que é possível quebrar a escrita. A pergunta é: por que ela persiste?

Não, o jejum não tem a ver com o poder financeiro de Flamengo e Palmeiras. O Internacional foi vice do time rubro-netro por um ponto na temporada de 2020. O Grêmio ficou a dois da equipe alviverde em 2023. Detalhe: essas duas edições do Nacional foram decididas somente na última rodada.

De 2003 em diante, o Grêmio conquistou a Copa do Brasil (2016) e a Libertadores (2017). O Internacional foi bi continental (2006 e 2010), ganhou um Mundial (2006) e a Sul-Americana (2008). Portanto, a má vontade com o Brasileirão precisa ser combatida por um Estado prioritariamente copeiro. O Rio Grande do Sul prefere torneios de mata-mata. Os clubes entram em depressão quando são eliminados e cometem e chutam a Série A para escanteio.

A questão não se resume aos títulos. Grêmio e Internacional acumulam três rebaixamentos na era dos pontos corridos. O Tricolor caiu para a segunda divisão em 2004 e em 2021 no atual sistema de disputa. Conquistou a Série B em 2005 na Batalha dos Aflitos. O Colorado conheceu o inferno em 2016 e ensaiou voltar para lá em 2025. Foi salvo na rodada final pelo anjo da guarda Abel Braga com um ponto a mais do que o Ceará e combinação de resultados.

Dos clubes mais tradicionais do país, o chamado G-12, apenas Grêmio, Internacional e o Vasco não conquistaram o Brasileirão na era dos pontos corridos. Até o cargo de técnico da Seleção, motivo de orgulho da escola gaúcha no século com as nomeações de Luiz Felipe Scolari, Mano Menezes, Dunga e Tite foi perdido. Barbaridade, tchê! Entramos na era dos importados com o italiano Carlo Ancelotti.

 


 

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MP
postado em 13/12/2025 06:00
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