
Nesta época de nostalgia e correria, que divide a humanidade entre melancólicos e entusiasmados, eu costumo congelar num certo meio-termo. Como sou da turma da alegria e do humor, fico bem encaixada na parte boa com os encontros e confraternizações. Mas, não posso negar, também sofro de algumas saudades e me irrito com a sanha consumista.
Encontro refúgio no trabalho e na fé. Me dedico ao ofício e às reflexões. Não sou a louca dos presentes, e até tenho certa agonia em recebê-los, ciente dos privilégios que tenho, mas aceito de bom grado os abraços de quem amo e de quem me acompanha por esta vida às vezes tão misteriosa e imprevisível. Aceito receber as boas energias. Aceito os ensinamentos e o exemplo de Jesus Cristo, aquele que nos presenteia com graças em qualquer época do ano.
Neste Natal, tenho pensado muito no verdadeiro espírito da data. No nascimento e nos incontáveis renascimentos que, a cada ano, vivenciamos. Não falta dureza no caminho, sobretudo numa época pautada por desinformação e mentira, por ceticismos mesmo diante dos incontáveis alertas científicos sobre o quanto temos insistido em destruir nossa casa maior, o planeta que habitamos. Agradeço pela consciência que o jornalismo me traz, e o que peço está no título deste artigo: paz para quem faz.
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Paz para quem faz o certo a ser feito, para quem age pelo bem e pelo próximo, para quem estende a mão aos que precisam e para quem nunca perde o outro de vista. Desejo intensamente paz para quem trabalha duro e para quem não desiste mesmo diante dos infortúnios. Não é leve a vida para quem se dispõe a olhar além do próprio umbigo. Mas também é muito gratificante.
Somos imperfeitos, sem dúvida. Mas nossos atos são de boa-fé. Infelizes aqueles que têm o coração corroído pela inveja. Amarga é a vida de quem espalha mentiras para se promover e busca a glória a partir da queda dos outros.
Incomodar-se — e não acomodar-se — é a atitude coerente e sensata nos tempos de hoje. O incômodo é o alerta, o aviso e a direção para a mudança necessária. É o simbólico gritando contra a materialidade, que nada mais é do que a carga viral que transforma sonho em produto; mundo em quintal; espécie humana em gado.
Se somos dominados pelo dinheiro e pela ganância, viramos uma animação pobre, carne e osso apenas, sem alma ou aprendizado que garanta nossa paz de espírito. Natal é amor e perdão; é urgência por solidariedade; é reviver o momento sublime da existência de Deus em nossas vidas. Que nós saibamos usufruir, junto a nossos afetos, amores e lembranças, do verdadeiro presente: nossa paz de espírito. Desejo paz a vocês que me acompanham por aqui! Feliz Natal!
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