Eleições 2022

Guilherme Boulos diz que Alckmin como vice de Lula é um "sinal muito ruim"

Ao Correio, Guilherme Boulos (PSOL-SP) afirmou que o ex-tucano é "sócio" da agenda econômica de Jair Bolsonaro (PL) e cobrou coerência do PT na escolha do vice-candidato da campanha de Lula

Bernardo Lima*
postado em 18/01/2022 21:10 / atualizado em 18/01/2022 21:13
Em entrevista, o psolista ainda criticou a administração de Alckmin no estado de São Paulo -  (crédito: AFP / NELSON ALMEIDA)
Em entrevista, o psolista ainda criticou a administração de Alckmin no estado de São Paulo - (crédito: AFP / NELSON ALMEIDA)

A possibilidade de Geraldo Alckmin (sem partido) ser vice da chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022 tem sofrido críticas de setores da esquerda e integrantes do próprio partido. Agora, foi a vez de Guilherme Boulos (PSOL-SP) subir o tom contra a dobradinha.

Em entrevista ao Correio, o pré-candidato a governador de São Paulo pelo PSOL, Boulos defende o apoio a Lula, mas diz que possibilidade de Alckmin ser vice da chapa petista é um “sinal muito ruim”:

“Entendemos que o Lula é quem tem melhores condições de enfrentar e derrotar o Bolsonaro, que é o maior desafio desse ano. Agora, a possibilidade de Alckmin como vice é um sinal muito ruim”, defendeu.

O psolista criticou a administração de Alckmin no estado de São Paulo. Boulos relembrou de operações de despejo realizadas durante o governo do ex-tucano, entre 2011 e 2018, como no caso de Pinheirinho, em São José dos Campos (SP).

“É um sinal muito ruim simbolicamente (por tudo) o que foram os governos Alckmin aqui em São Paulo. Inclusive, essa semana completam 10 anos do massacre do Pinheirinho, despejo desastroso coordenado por ele em São José dos Campos.”

Além disso, Boulos afirmou que o desafio da esquerda em 2022 vai além de derrotar Bolsonaro, passando também pela derrubada da “agenda econômica de Bolsonaro que devolveu o Brasil ao Mapa da Fome, da qual Alckmin é sócio”. O pré-candidato ao governo de São Paulo ainda completou afirmando que as articulações do PT para formar alianças devem ter coerência com o objetivo de superar o atual presidente nas eleições de 2022: “O PSOL acha que é importante ter unidade e aliança, mas não apenas para derrotar o Bolsonaro, mas sim o seu projeto como um todo. Nesse sentido, a aliança tem que ter coerência com essa perspectiva e isso tem que se expressar no programa desta candidatura”.

A insatisfação quanto ao tucano motivou filiados do próprio PT a criarem uma petição contra a chapa Lula-Alckmin. O abaixo-assinado, puxado por Daniel Kenzo, líder do diretório petista no Butantã, Zona Oeste de São Paulo, exige que o partido escolha um vice que não tenha apoiado o que chamam de “operação golpista e neoliberal”, em referência ao impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

Em congresso interno realizado no ano passado, a maior parte do PSOL votou por apoiar Lula e não lançar candidatura própria, mas um setor expressivo se manifestou pelo contrário. A legenda adiou o anúncio da decisão final para este ano.

Sobre a possibilidade do PSOL integrar uma federação com o PT, Boulos citou que a sua legenda decidiu abrir negociações com PCdoB e Rede para a construção de uma federação partidária. Em dezembro, petistas anunciaram que abririam conversas com PSB, PCdoB, PSOL e PV para criação de uma federação partidária, com objetivo de formar uma frente ampla da esquerda no Congresso. A Resolução aprovada pelo Diretório Nacional do PT prevê que o partido volte a discutir o assunto em fevereiro deste ano.

Governo de São Paulo

Em relação a sua candidatura ao governo de São Paulo em 2022, o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto garantiu que o congresso de seu partido definiu que vai com sua candidatura até o final, e que o PSOL está buscando construir da melhor forma uma “unidade do campo progressista” para desbancar a hegemonia do PSDB, que já governa o estado de São Paulo há 30 anos.

*Estagiário sob supervisão de Ronayre Nunes

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