Eleições 2022

Tebet promete retirar investimento em ciência e tecnologia do teto de gastos

A candidata participou nesta quarta (24/8) de um encontro com pesquisadores em São Paulo. Ela também disparou críticas a Bolsonaro e a Lula, seus adversários

Victor Correia
postado em 24/08/2022 19:33 / atualizado em 24/08/2022 19:34
Simone Tebet e Mara Gabrilli durante encontro com pesquisadores em São Paulo, no  dia 24 de agosto.  -  (crédito: Assessoria/Simone Tebet)
Simone Tebet e Mara Gabrilli durante encontro com pesquisadores em São Paulo, no dia 24 de agosto. - (crédito: Assessoria/Simone Tebet)

A senadora e candidata à Presidência da República Simone Tebet (MDB) disse, nesta quarta-feira (24/8), que vai retirar os gastos com pesquisa e ciência do teto de gastos caso seja eleita. Tebet participou de um encontro com cientistas e pesquisadores, durante esta tarde, como parte da agenda de campanha. Ela estava acompanhada com a também senadora e vice da chapa, Mara Gabrilli (PSDB).

“Todos os anos se coloca pouco no orçamento e o pouco que se coloca é cortado, às vezes, mais da metade, chegando a 60%”, disse a candidata durante o encontro com pesquisadores, principalmente da Universidade de São Paulo (USP), organizado pela bióloga molecular e geneticista Mayana Zatz. Estavam presentes o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, e a vice-reitora da instituição, Maria Arminda do Nascimento Arruda. “Isso para desviar recursos para outros Ministérios para fazer graça. E graça aqui é sinônimo de corrupção”, completou. 

Aos presentes, Tebet afirmou que é liberal e preza pela responsabilidade fiscal. "É um meio para erradicar a pobreza, para fazer o Brasil voltar a crescer e a gerar emprego", disse.

Após o encontro, Tebet participou de uma entrevista coletiva com jornalistas e deu mais detalhes sobre a proposta. "Ficam no orçamento, fora o serviço da dívida, R$ 1,970 trilhão. Hoje, o recurso do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) é de apenas R$ 10 bilhões. Diante desse cenário, onde o Fundeb [Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação] já está fora do teto, ou seja, tendo dinheiro ele pode gastar, nós estamos advogando a mesma coisa. Ciência, Tecnologia e Inovação salvam vidas", afirmou a candidata. 

Já Mara Gabrilli destacou o esforço dos pesquisadores, apesar dos cortes que o setor sofreu no atual governo. “Apesar dos cortes de verbas e da negligência do governo, vocês conseguiram colocar o Brasil no 13º lugar entre os países que mais publicam trabalhos científicos [de acordo com o ranking da Unesco, divulgado em 2020]”, disse a senadora. “E aqui estão duas mulheres que veem a ciência como algo fundamental e inerente ao crescimento do país”.

"Nós queremos o presidente debatendo"

Na coletiva, Simone Tebet também criticou a possibilidade de Jair Bolsonaro (PL) faltar aos próximos debates eleitorais. Até recentemente, ele tem evitado participar das entrevistas, mas concedeu, na segunda-feira (22/8), ao Jornal Nacional.

"Eu só tenho a lamentar que o dirigente maior do Brasil não tenha a coragem. No período em que o Brasil mais precisa exercer sua democracia e escolher de forma consciente o seu próximo presidente da República, que ele fuja do debate, se isso vier a acontecer", disse Tebet. "Nós queremos o presidente debatendo. Nós temos muitas perguntas a fazer em nome da população brasileira, em todos os sentidos. Por que ele negou a vacina? Por que ele não resolveu os problemas da pauta econômica, na pauta social? Por que ele não fala de economia, dos reais problemas do Brasil?". 

Questionada sobre as críticas que fez à gestão de Bolsonaro durante o evento, e se estaria poupando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a senadora explicou que o encontro tratou do tema da ciência e, portanto, coube críticas maiores sobre a atitude de Bolsonaro em relação às vacinas da covid-19.

"Mas eu falei que corrupção mata. E nós sabemos que o governo do PT não fez mea culpa. Nós sabemos que houve esquemas gravíssimos de corrupção no Brasil. A Petrobras, a maior estatal brasileira, quase quebrou. Inclusive com parte do meu partido, e o meu partido tem que fazer mea culpa. Não comigo, que eu não tenho nada a ver com essa ala do partido, aliás eu sempre me insurgi contra essa ala, que nem me apoia, está do lado de lá", afirmou a senadora, referindo-se à ala do MDB, liderada por Renan Calheiros, que tentou boicotar a candidatura dela e fechar um apoio do partido com Lula já no primeiro turno. 

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