ELEIÇÕES 2022

Frota não consegue vaga na Alesp e se dispõe a atuar em campanha de Lula

No domingo, Alexandre Frota (PSDB) recebeu 24.224 votos e não conseguiu se eleger deputado estadual de São Paulo

Talita de Souza
postado em 03/10/2022 20:54
Desde 2021, Frota, que se intitulava como conservador, passou a se denominar como
Desde 2021, Frota, que se intitulava como conservador, passou a se denominar como "centro-esquerda" e se posicionou para lutar pelo fim da bolsonarista, a começar pela Presidência. - (crédito: Alexandre Frota/Instagram/Reprodução)

Eleito em 2018 pela base de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), o deputado federal Alexandre Frota (PSDB) não conseguiu uma vaga para representar os paulistanos na Assembleia Legislativa do estado (Alesp). No pleito deste domingo (2/10), o parlamentar recebeu 24.224 votos e não alcançou o posto — terminou a disputa no 23º lugar entre os colegas do partido.

Como um dos mais contundentes aliados de Bolsonaro, Frota conquistou a vaga na Câmara dos Deputados com 155 mil votos, em 2018. Depois, passou a ser visto como um dos principais adversários do chefe do Executivo pelos apoiadores dele, que passaram a chamar o parlamentar de “traíra” e “esquerdista”, após ser o primeiro aliado a abandonar a base bolsonarista e passar a defender bandeiras comuns a deputados à esquerda do espectro político.

Nesta segunda-feira (3/10), Frota agradeceu os eleitores que votaram nele e afirmou que tirará um tempo para refletir sobre a disputa. Depois, “voltará mais forte do que nunca”. “Nós estivemos juntos até aqui e continuaremos juntos, recomeçando o trabalho e dando continuidade ao que a gente vinha fazendo”, afirmou.

No domingo, após o resultado das urnas, Frota se colocou à disposição de Lula para trabalhar pela campanha até o segundo turno. “Lamento muito que as pessoas não tenham me dado a oportunidade de estar na Alesp, mas aproveito a oportunidade para me colocar à disposição do Lula neste segundo turno. A esquerda tem problemas comigo pelo passado, mas estou de olho no futuro”, disse à Folha.

De estrela da primeira onda bolsonarista a oposição contundente: a trajetória de Frota

O mandato de Frota na Câmara foi conquistado por meio do PSL, sigla que também elegeu Bolsonaro como presidente da República. Menos de oito meses após a posse como deputado federal, Frota passou a criticar o chefe do Executivo, o que levou à expulsão dele do partido, em agosto de 2019.

A partir dessa data, o artista se alinhou com o PSDB, por meio do ex-governador de São Paulo João Doria, que também havia desfeito a aliança com Bolsonaro. Assim como Doria, Frota passou a engrossar o discurso de oposição ao chefe do Executivo, principalmente nas redes sociais.

Desde 2021, Frota, que se intitulava como conservador, passou a se denominar como “centro-esquerda” e se posicionou para lutar pelo fim da bolsonarista, a começar pela Presidência.

Em setembro deste ano, ao Estado de Minas, Frota falou que a maior decepção com o chefe do Executivo foi “o que ele fez com o povo brasileiro” e afirmou que o presidente “tirou direito das mulheres, transitou durante todos esses anos de uma maneira racista, machista, ideológica e confusa”. “Ele tirou os direitos do povo brasileiro e deixou a gente infeliz”, acrescentou.

Oposição de Frota denunciava corrupção, milícias digitais e desvios de família Bolsonaro

Pelo Instagram ou Twitter, Frota criticava a gestão de Bolsonaro durante a pandemia, acusou a família de corrupção e afirmou que o presidente era um “charlatão”. O comportamento fez com que o parlamentar fosse convidado para prestar depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito das Fake News do Congresso Nacional, ocasião em que acusou a família Bolsonaro de manter milícias digitais para atacar adversários.

Os filhos de Bolsonaro também foram criticados por Frota, desde Flávio Bolsonaro com o esquema de rachadinhas quando era deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) até uma representação registrada no Conselho de Ética da Câmara contra Eduardo Bolsonaro, em 2019, após o parlamentar insinuar apoio ao retorno do Ato Inconstitucional 5.

O parlamentar também usou discursos no plenário da Câmara para criticar a atuação de Bolsonaro na pandemia. Na votação que fez de Arthur Lira presidente da Câmara dos Deputados, Frota pediu a fala e denunciou “um esquema de compra de votos”, mais tarde conhecido como Orçamento Secreto.

“Estamos com uma eleição definida pela compra de votos, pela ingerência do Palácio. Este é um jogo de cartas marcadas. Qual exemplo queremos dar, neste momento, para milhões de brasileiros? Quero uma Câmara livre, independente, longe dos acordos, sem interferência do Palácio”, discursou Frota.

“Esta Casa está hoje se tornando o quintal de Bolsonaro. Estamos diante de um projeto de poder. Bolsonaro enganou o Brasil. Eu sei que você está assistindo à sessão agora, Bolsonaro. Você é um charlatão, um charlatão eleitoral!”, acrescentou na ocasião.

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