Caso Abin

Assessora de Carlos pediu informações de investigações contra família Bolsonaro

Em print apresentado pela Polícia Federal, colaborada do vereador pede à assessora da Abin informações sobre investigação envolvendo três filhos do ex-presidente Bolsonaro

Carlos Bolsonaro é alvo de operação da PF -  (crédito: Caio César/CMRJ)
Carlos Bolsonaro é alvo de operação da PF - (crédito: Caio César/CMRJ)
postado em 29/01/2024 17:07 / atualizado em 29/01/2024 17:10

A Polícia Federal identificou uma conversa no WhatsApp entre Luciana Almeida, ex-assessora do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), representado pela também assessora Priscilla Silva, evidenciando que o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro usava interlocutores para ter acesso a investigações sigilosas da corporação.

O print (veja nas imagens) resgatado pelos agentes da PF são da época em que Ramagem comandava a Agência Brasileira de Investigação (Abin) e faz parte do inquérito que apura o uso indevido da instituição para espionar opositores da gestão passada. Na mensagem, Luciana pede ajuda para obter informações sobre um inquérito que corria na superintendência da corporação, no Rio de Janeiro, em que se suspeitava que os alvos eram Jair Bolsonaro e três de seus filhos (Carlos, Eduardo e Flávio).

A conversa:

“Bom diaaaa
Tudo bem? Estou precisando muito de uma ajuda
Delegada PF. Dra. ISABELA MUNIZ FERREIRA – Delegacia da PF Inquéritos Especiais Inquéritos: 73.630 / 73.637 (Envolvendo PR e 3 filhos)
Escrivão: Henry Basílio Moura”

  • Conversa entre assessoras de Carlos Bolsonaro e Ramagem
    Conversa entre assessoras de Carlos Bolsonaro e Ramagem Reprodução
  • Conversa entre assessoras de Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem
    Conversa entre assessoras de Carlos Bolsonaro e Alexandre Ramagem Reprodução

O diálogo consta na decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que autorizou a busca e apreensão nos endereços ligados ao vereador e às assessoras. O magistrado destacou que Carlos Bolsonaro fazia parte de um “núcleo político”, com o objetivo de desvirtuar a Abin.

“Além da identificação das diversas condutas acima resumidas, a Polícia Federal, com o aprofundamento das medidas investigativas, aponta fato novo, relacionado à existência, na referida organização criminosa, do NÚCLEO POLÍTICO, também responsável pelo desvirtuamento da ABIN e da ferramenta First Mile”, diz trecho da decisão.

As investigações apontam que, em fevereiro de 2020, Ramagem imprimiu informações de inquéritos eleitorais da PF que tinham como alvo políticos do Rio de Janeiro. Moraes ressaltou que as provas colhidas pela polícia mostram que os suspeitos usaram a agência contra adversários e para “fiscalizar” indevidamente o andamento de investigações em face de aliados políticos".

"Abin paralela"

A Polícia Federal apura a criação de uma suposta rede criminosa que se instalou na Abin para espionar críticos do governo Bolsonaro. De acordo com a PF, "os investigados podem responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei".

O vereador Carlos Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão na manhã desta segunda-feira. A suspeita é de que assessores dele pediam informações para o ex-diretor da Abin e hoje deputado federal Alexandre Ramagem — que é próximo da família Bolsonaro. Também foram autorizadas buscas na residência do político e na Câmara Municipal do Rio de Janeiro.

Saída de barco

Carlos Bolsonaro estava andando de lancha no momento em que os agentes da Polícia Federal chegaram a sua residência em Angra dos Reis. Ele só apareceu no local por volta das 11h. Até o momento, o parlamentar não se pronunciou sobre a operação. Por meio das redes sociais, Fabio Wajngarten, advogado de Jair Bolsonaro, negou que um computador da Abin apreendido com o vereador ou que qualquer equipamento fosse da agência.

O advogado também refutou a informação de que o ex-presidente e os filhos teriam fugido de barco na hora da apreensão. Segundo Wajngarten, a família Bolsonaro teria saído de lancha para pescar às 5h, antes da operação da Polícia Federal. 

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