BRASIL/FRANÇA

Cacique Raoni recebe de Macron a maior honraria francesa

A França reconhece Raoni como uma figura internacional pela causa indígena e ambiental

Macron condecora Raoni com a mais alta honraria francesa -  (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
Macron condecora Raoni com a mais alta honraria francesa - (crédito: Ricardo Stuckert / PR)
postado em 26/03/2024 19:01 / atualizado em 26/03/2024 21:21

Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente da França, Emmanuel Macron, concedeu, na noite desta terça-feira (26/3), a Ordem Nacional da Legião de Honra ao líder indígena da etnia kayapó, cacique Raoni Metuktire. É a maior honraria francesa a seus cidadãos e a estrangeiros que se destacam por atividades no cenário global.

A condecoração foi instituída em 20 de maio de 1802 por Napoleão Bonaparte. Raoni recebeu o grau de cavaleiro, o primeiro da Legião de Honra. A França reconhece Raoni como uma figura internacional pela proteção das florestas, pela causa indígena e ambiental.

"Várias vezes você foi à França para defender a causa e eu me comprometi a vir aqui e estar junto com os seus, nessa floresta que é tão cobiçada. E você sempre lutou para defendê-la durante décadas. Lula e eu fazemos hoje causa comum por um dos nossos amigos nessa terra que pertence a vocês. Que é um tesouro de biodiversidade, mas também de povos indígenas que aqui nasceram, cresceram e tiveram a sua tradição", disse Macron.

"Você se tornou embaixador do seu povo, interlocutor dos poderes públicos brasileiros e sempre sentinela do seu território", acrescentou.

Macron também destacou a luta de Raoni pela demarcação territorial. "Você nunca parou, nunca vai parar. Conheço o orgulho de Lula de estar ao seu lado e de estar ao lado de todos os povos indígenas, ele que, pela primeira vez decidiu nomear um ministro federal do povo indígena".

"Decididamente esse povo teve muita sorte de ter um chefe como você, um cacique tão inspirado. Esses povos da água tiveram sorte em ter um chefe com temperamento ardente", acrescentou.

Presente no evento, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, destacou tratar-se de um "momento histórico".

"É um momento histórico para nós, povos indígenas do Brasil. É o momento de dar as mãos pelo reconhecimento dessa luta. Não é somente um encontro mas um pacto pelo futuro, pela vida. É uma agenda global, em defesa do clima e do bem viver no planeta", disse cobrando a implementação de acordos e pedindo que países que tenham mais condições financeiras possam ajudar o Brasil e auxiliar na proteção das florestas.

A presidente da Funai, Joenia Wapichana ressaltou o desafio de fazer avançar a demarcação de terras indígenas.

"Nós fazemos parte desse país, não podemos ser meramente espectadores. Fazemos parte da solução de compartilhamento de responsabilidades, mas também de decisões. Que esses encaminhamentos que vierem de enfrentamento a mudanças climáticas não seja só de participação, mas com participação, coadministração".

Também participaram da agenda a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, o governador do Pará Helder Barbalho e a primeira-dama, Janja.

Em clima amistoso, ao longo do encontro, Lula, Macron e Raoni se cumprimentaram com abraços.  

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