Investigação

Caso Marielle: Moraes manda PF entregar conversas de Rivaldo com vereadora

Decisão do STF atende pedido de defesa do delegado acusado de ser mandante do crime. Segundo advogados, registros podem provar que o ex-chefe da Polícia Civil do Rio Janeiro não tem ligação com a morte da vereadora

Moraes: as mensagens solicitadas se referem ao período imediatamente anterior ao crime, em maio de 2018 -  (crédito:  AFP)
Moraes: as mensagens solicitadas se referem ao período imediatamente anterior ao crime, em maio de 2018 - (crédito: AFP)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Polícia Federal entregue à Corte as conversas de WhatsApp que o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio Janeiro, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco, teve com ela. As mensagens se referem ao período imediatamente anterior ao crime, em maio de 2018. 

A decisão atende a um pedido da defesa do delegado. Os advogados alegam que as conversas podem demonstrar que ele não teve contato com os mandantes do crime e que mantinha bom relacionamento com a vítima. Também foi pedido o fornecimento das trocas de mensagens com o general do Exército Richard Nunes e os delegados da Polícia Civil do Rio Giniton Lages, Daniel Rosa e Brenno Carnevale.

“Tais pedidos são pertinentes, relacionando-se diretamente com a instrução realizada, razão pela qual devem ser deferidos”, escreveu Moraes na decisão assinada nesta semana. O ministro também determinou anexar o inquérito da morte do ex-policial André Henrique da Silva Souza, o André Zóio, morto por envolvimento com milícias. Ronnie Lessa, o assassino confesso de Marielle, também é acusado por esse crime.

Na mesma decisão, outros pedidos da defesa foram negados. Entre eles, o acesso ao inquérito que investiga o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal e a solicitação de um exame clínico para avaliar possíveis “transtornos psiquiátricos” de Ronnie Lessa — que confessou o assassinato de Marielle Franco. 

Assassinos condenados 

Em outubro do ano passado, os ex-policiais militares Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, assassinos confessos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, foram condenados a 78 anos e 9 meses e 59 anos e 8 meses de prisão, respectivamente, em regime fechado, por duplo homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio e receptação. O julgamento foi finalizado ontem, no  4º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, 6 anos e 7 meses depois do crime. 

À Polícia Federal, Ronnie Lessa acusou os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão como os mandantes do crime. Ele afirmou que a execução teria sido motivada para proteger interesses econômicos de milícias. O delegado Rivaldo Barbosa, o então chefe da Polícia Civil do RJ na época dos assassinatos, é acusado de ter prejudicado as investigações. 

Os três estão presos desde março deste ano. Há um processo paralelo no STF, que julga os irmãos Brazão e o delegado Rivaldo Barbosa como mandantes. O crime segue sob a jurisdição da Corte devido ao envolvimento de figuras públicas com foro privilegiado. 

A emboscada aconteceu na saída de Marielle de um evento na Casa das Pretas, no Estácio, bairro do centro do Rio de Janeiro, em 2018. A vereadora foi atingida por quatro tiros, sendo três na cabeça e um no pescoço, enquanto, Anderson Gomes levou três tiros nas costas. Fernanda Chaves, a sobrevivente, foi atingida apenas por estilhaços.

Luana Patriolino
postado em 11/03/2025 15:53 / atualizado em 11/03/2025 16:00
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