justiça

Presidente do STM diz que Bolsonaro pode perder patente se for condenado

Ministra Maria Elizabeth ressaltou que, para isso, Ministério Público Militar deve se manifestar sobre eventuais crimes do ex-chefe do Executivo

Maria Elizabeth foi questionada sobre a denúncia da PGR no âmbito da trama golpista -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Maria Elizabeth foi questionada sobre a denúncia da PGR no âmbito da trama golpista - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

A presidente do Superior Tribunal Militar (STM), ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha disse, nesta quarta-feira (12/3), que o ex-presidente Jair Bolsonaro pode ser julgado por crimes militares e, caso seja condenado pela Corte, pode perder a patente militar de capitão. A declaração foi dada em coletiva de imprensa, após a solenidade de posse da magistrada. 

Maria Elizabeth foi questionada sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) no âmbito da trama golpista — que também envolve militares. O ex-chefe do Executivo e outras 33 pessoas, incluindo militares, foram denunciados por estimular e realizar atos contra os Três Poderes e contra o Estado Democrático de Direito.  

“Se for o caso, sim, ele [Bolsonaro] pode ser submetido a um Conselho de Justificação, a representação de dignidade. Ele pode ser julgado também por crimes militares, como dissitação, por exemplo, dissitação à tropa. Então, tudo vai depender de como é que vai ser feita a curação penal do Supremo Tribunal Federal”, disse a presidente do STM.

No entanto, a ministra ressaltou que seria necessário que o Ministério Público Militar se manifeste por eventuais crimes do ex-chefe do Executivo.

“São crimes diferenciados, julgados e foros diferenciados, na jurisdição criminal e na jurisdição. E aí ele pode ser dedicado na limitação do militar da reserva”, destacou. Eu identifico alguns crimes, mas eu acho que não cabe a mim identificar, esse é o papel do Ministério Militar, ele é o autor da ação penal, ele é o detentor da denúncia. E se ele não se pronunciou, seria um pré-julgamento da minha parte mencionar qualquer um deles.”

 A presidente do STM pontuou que a Justiça Militar irá se manifestar sobre a denúncia contra militares depois que todos os julgamentos tramitarem em julgado, quando não há mais recursos.

“Eventualmente, militares podem cometer crimes comuns. E, no caso, o juiz, o ministro Alexandre de Moraes, é o juiz natural da causa, é o juiz que se tornou prevendo, porque foi o primeiro que atuou nos atos do 8 de janeiro. Então, está absolutamente correto, sob o ponto de vista técnico-jurídico, as decisões e o oferecimento das denúncias em sede originária no Supremo Tribunal Federal e não no Superior Tribunal Militar”, declarou. 

Força feminina 

O tema da suposta tentativa de golpe não foi citado no discurso de posse da nova presidente do STM. Na solenidade, ela destacou a força feminina e a luta das mulheres por igualdade. 

“Fiz uma escolha, falar das mulheres como sendo a primeira mulher em 200 anos, em 216 anos. Eu achei que são dois temas muito contundentes, são dois temas muito fortes, e eu preferi privilegiar a questão da mulher e das dificuldades de acesso que as mulheres têm para ascender aos cargos de poder”, disse Maria Elizabeth durante coletiva.

A ministra Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha tomou posse, na tarde desta quarta-feira (12/3), como presidente do Superior Tribunal Militar (STM) — órgão máximo da Justiça Militar da União. Ela é a primeira mulher nomeada ao cargo em 217 anos de funcionamento do órgão. 

“Nós teremos agora mais indicações para tribunais superiores, para tribunais de justiça e regionais federais. Então, eu fiz uma escolha proposital. Defender o feminismo, defender o empoderamento das mulheres e clamar por mais espaços na política e nas estruturas jurídicas para nós, que ainda somos tão discriminados”, completou. 

O STM é composto por 15 ministros, sendo cinco civis e dez militares. As cadeiras estão distribuídas entre quatro vagas destinadas ao Exército, três à Marinha e três à Aeronáutica. Maria Elizabeth faz parte da instituição desde 2007 quando foi indicada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para ocupar uma das três cadeiras previstas para a advocacia.

A nova presidente e o ministro Francisco Joseli Parente Camelo integrarão a presidência da Corte no biênio 2025-2027. A solenidade ocorreu na recém-inaugurada Sala Martins Pena, do Teatro Nacional de Brasília. 

 

Luana Patriolino
postado em 12/03/2025 20:51
x