
O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara, rebateu, em entrevista ao Correio, as declarações feitas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante o podcast Mano a Mano, comandado pelo rapper Mano Brown. Para o parlamentar, o presidente tenta desqualificar a atuação da oposição enquanto ignora os problemas que se acumulam no país.
Na entrevista ao podcast, Lula afirmou que a oposição tem atuado como inimiga e não como adversária política. “Uma coisa era fazer oposição nos anos 1980, […] vocês não eram inimigos, eram adversários. Agora os caras são inimigos e tratam como inimigos, eles não perdoam nada. Você pode distribuir uma caneca de ouro, eles vão dizer que é de barro, estão lá para destruir”, disse o presidente. “Por melhor que você faça uma coisa, eles vão infernizar, esse é o papel deles.”
Sóstenes rebateu: “A oposição fiscaliza um governo irresponsável, que permite roubo a aposentados e que está levando a economia do país a maior juros já vistos nos últimos 20 anos. O Lula não vai ser a bússola para o nosso trabalho, nós vamos continuar focados em fiscalizar um governo que não tem responsabilidade com o país".
O clima entre Executivo e oposição tem se deteriorado nas últimas semanas, em meio ao avanço das investigações sobre fraudes no INSS, críticas à política econômica e à falta de articulação entre o Planalto e o Congresso.
No podcast, Lula ainda disse que, se for candidato à reeleição, será “para ganhar”. “Se eu estiver com a saúde e disposição que estou agora, serei candidato. A extrema direita está procurando um adversário, está procurando. Eu vejo todo dia um nome: Tarcísio, Ratinho, Caiado. Pode procurar o candidato que quiserem, que, se eu for candidato, é para ganhar as eleições”, disse Lula.
O presidente ainda desafiou os outros candidatos: “Quem quiser ganhar de mim, vai ter que andar mais que eu na rua, fazer mais discurso, conversar mais com o povo que eu e fazer mais do que eu. E eu duvido que tenha alguém que seja capaz disso, pelo menos dos que estão aí.”
Sóstenes, porém, ironizou o tom confiante do presidente, ao dizer que ele não anda pelas ruas do Brasil. “O Lula não anda nas ruas, ganhou eleição sem ir para as ruas, ele vive nos palácios e nas viagens internacionais [...], ele está vivendo um mundo fictício que ele criou na mente dele.”
Lula defende orçamento secreto
Outro ponto da entrevista que gerou reação foi a fala de Lula sobre o chamado orçamento secreto. Ao comentar o tema, o presidente disse que o mecanismo “não é tão mau” agora e que houve uma “certa moralização” após acordos que direcionam as emendas para programas do governo. “Hoje eu nem sei se os próprios deputados do PT querem acabar com o orçamento secreto”, afirmou Lula, sugerindo um recuo na base.
Para Sóstenes, a declaração escancara um problema maior. “Um líder que ataca os próprios deputados do seu partido, ele já deixou de ser líder há muitos anos. São desrespeitos ao parlamento, em especial aos deputados do partido dele”, criticou.
A fala chamou a atenção por representar uma mudança clara de postura. Em 2022, ainda como candidato à Presidência, Lula se referia ao orçamento secreto como a “fonte do maior esquema de corrupção da história do país”.
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