Crise entre Poderes

Governo foi "massacrado" porque não dialoga com o Congresso, diz deputado

Para Alberto Fraga (PL), derrota da gestão Lula em votações no Congresso era "previsível" porque o Planalto é incapaz de manter relação amistosa com o Legislativo

Para o deputado Alberto Fraga (foto), Lula (PT) será incapaz de governar se partidos da base decidirem desembarcar do governo -  (crédito: Kayo Magalhaes/Câmara)
Para o deputado Alberto Fraga (foto), Lula (PT) será incapaz de governar se partidos da base decidirem desembarcar do governo - (crédito: Kayo Magalhaes/Câmara)

A sequência de derrotas do Planalto no Congresso na quarta-feira (25/6) é o sintoma de um governo que não dialoga com os parlamentares. Esta é a análise do deputado federal Alberto Fraga (PL-DF), que culpa a ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, por, segundo ele, não conversar com os deputados e senadores.

“Os partidos da base se rebelaram e a gente sabe que o governo colocou como ministro de relações institucionais uma pessoa que não conversa com os parlamentares. Nem como deputada ela tem convívio com os parlamentares, imagine agora como ministra. A gente já sabia que isso ia acontecer, era previsível”, disse Fraga ao Correio.

Na avaliação do parlamentar, o governo não tem condições de manter uma relação amistosa com o Congresso Nacional e neste momento está em uma posição ruim junto aos partidos da base.

Para ele, o “massacre” no plenário ontem — foram mais de 3/5 dos votos na Câmara — era previsível, já que a federação União Brasil (partido do presidente do Senado, Davi Alcolumbre) e PP, que tem cargos na Esplanada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, não tem entregue os votos que o governo precisa e ensaia um desembarque há meses.

“A gente sabia que no dia que o União Brasil, a federação União Brasil e PP desembarcasse do governo ou fosse contra qualquer ato do governo, eles seriam massacrados no plenário. E não deu outra”, destacou Fraga.

“Com o encaminhamento a favor da derrubada do decreto do IOF, a gente tinha certeza de que seria um massacre, como foi”, completou.

Pressão do Congresso

Desde que o governo editou o decreto que majorou as alíquotas do IOF, no fim de maio, há um desconforto entre a cúpula do Congresso e a equipe de articulação política do Planalto. O Legislativo disse que a medida do Ministério da Fazenda foi tomada sem consultar os presidentes da Câmara e do Senado e que não aceitaria mais aumentos de impostos.

 

Motta foi mais enfático na cobrança por alternativas ao aumento do IOF e chegou a dizer, publicamente, que o Executivo não poderia “gastar sem freio e depois passar o volante para o Congresso segurar”.

Embora Executivo e Legislativo tenham chegado a um acordo para a tramitação de outras medidas alternativas ao IOF, a crise política do governo com o Congresso é antiga e se elevou no ano passado com o bloqueio de emendas parlamentares. Com a popularidade do presidente Lula em queda e em véspera de ano eleitoral, o apoio do Congresso ao governo fica cada vez mais caro.

postado em 26/06/2025 14:13 / atualizado em 26/06/2025 14:13
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