
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta sexta-feira (4/7) que a Organização das Nações Unidas (ONU) nunca foi tão “insignificante” quanto é hoje em dia, e lamentou que o multilateralismo esteja “em seu pior momento” desde a Segunda Guerra Mundial.
Ele afirmou que a ONU não é capaz de fazer um acordo para encerrar “o genocídio do exército israelense” na Faixa de Gaza, e que o órgão também não conseguiu criar um Estado Palestino, apesar de ter criado Israel.
“O problema nosso não é nem econômico. O problema nosso é político, porque há muito tempo eu não via o mundo carente de lideranças políticas como nós temos hoje. Há muito tempo eu não via a nossa ONU tão insignificante como ela se apresenta hoje”, discursou Lula durante a 10ª reunião anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), no Rio de Janeiro.
“Uma ONU que foi capaz de criar o Estado de Israel não é capaz de criar o Estado Palestino. E mais, não é capaz de fazer um acordo de paz para que o genocídio do exército israelense continue matando mulheres e crianças inocentes em Gaza”, acrescentou.
O chefe do Executivo argumentou, ainda, que “não temos saída” fora do multilateralismo e da democracia.
O encontro marca uma década da criação do NDB, conhecido como o “Banco dos Brics". A Instituição atualmente é chefiada pela ex-presidente da República Dilma Rousseff, que também discursou durante o encontro. O Banco é gerido por países dos Brics e financia projetos dentro do bloco e em nações parceiras.
Sistema financeiro internacional
Lula criticou também as instituições financeiras internacionais, citando como exemplo o endividamento dos países mais pobres, como os do continente africano. Para ele, o Banco dos Brics segue um modelo mais sustentável, que deveria ser adotado por outras nações.
“O papel do NDB na redução de nossa vulnerabilidade será crescente. Nosso banco é mais do que um grande banco para países emergentes, ele é a comprovação de que uma arquitetura financeira reformada é viável, e que um novo modelo de desenvolvimento mais justo é possível”, disse o presidente.
O petista também criticou que os países ricos tenham se comprometido, em 2009, a financiar US$ 100 bilhões para os países menos desenvolvidos para ações de combate às mudanças climáticas, mas nunca pagaram o valor.
“Esse ano já é necessário US$ 1,6 trilhão para que a gente possa cumprir os compromissos climáticos de não permitir que o planeta se aqueça a mais de um grau e meio. Esse é o desafio de todo mundo, e não há como fugir dele”, disse.
Em uma década de existência, o NDB financiou 120 projetos no valor de US$ 40 bilhões em setores incluindo infraestrutura, energia limpa, água e saneamento. No Brasil, foram 20 projetos no valor de US$ 2,5 bilhões. Lula também destacou a atuação do banco nas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul no ano passado.