
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta segunda-feira (7/7), que o Brasil sediou a mais importante cúpula do Brics desde a criação do bloco. Durante uma coletiva de imprensa no encerramento do encontro no Rio de Janeiro, Lula destacou a ampliação do grupo, a diversidade de participantes e a defesa de uma nova ordem multilateral como marcos desta edição.
“Não tenho dúvida de que o Brasil já havia realizado a melhor reunião do G20. E agora realizou a mais importante cúpula que os Brics já fizeram”, afirmou o presidente, visivelmente entusiasmado com os resultados do evento.
Lula reforçou que o Brics — agora ampliado com novos países-membros — tem a missão de criar um novo modelo de governança global, com foco na paz, no respeito à soberania e no fim da lógica de tutela das grandes potências.
“Nos BRICS, a gente tem convicção de que não quer mais o mundo tutelado. Não queremos mais guerra fria, desrespeito à soberania ou guerras intermináveis. Queremos fortalecer o processo democrático e multilateral”, declarou.
O presidente brasileiro voltou a defender uma reforma estrutural na Organização das Nações Unidas (ONU), especialmente no Conselho de Segurança, que, segundo ele, “deveria ser o guardião da paz, mas tem sido promotor de conflitos”, citando como exemplo a guerra no Iraque. “É preciso recriar o sistema com base na realidade geopolítica de 2021, e não na de 1945. Aquele mundo ficou para trás”, argumentou.
FMI na mira: Lula propõe novo papel para instituições financeiras
Outro ponto central do discurso de Lula foi a crítica ao papel do Fundo Monetário Internacional (FMI), ao qual acusou de aprofundar crises econômicas em países pobres ao impor políticas de austeridade que tornam as dívidas impagáveis.
“A gente não quer mudanças no FMI porque não gosta do FMI. Queremos mudança porque ele precisa ser um banco de investimento para os países mais pobres, não uma máquina de falência”, disse.
Para Lula, o Novo Banco de Desenvolvimento, criado pelos Brics, representa um modelo alternativo de financiamento. Ele defendeu o uso das dívidas de países como mecanismo para investimento em infraestrutura, saúde e energia, em vez de punições financeiras que perpetuam a dependência.
O presidente também celebrou a inclusão inédita e “extraordinária” de empresárias mulheres e representantes da sociedade civil no encontro. Um documento com as contribuições desses grupos será lido por um dos chefes de Estado, reforçando a intenção do bloco de ampliar as vozes no debate global. “Se a gente quiser criar alguma coisa nova no mundo, temos que criar novos paradigmas de participação. Não podemos repetir os mesmos erros”, disse Lula.
Brics como resposta ao mundo em conflito
O presidente encerrou seu discurso com um alerta: o mundo vive hoje, segundo ele, o maior período de conflitos desde a Segunda Guerra Mundial, com guerras “esparramadas para todo lado”. Para Lula, o BRICS pode ser o instrumento para construir alternativas viáveis a essa crise global. “O multilateralismo foi uma das coisas que deu certo. E agora querem destruir. Precisamos ter consciência de que o mundo precisa mudar”, concluiu.
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