Goiânia

Lula destaca papel do movimento estudantil nas conquistas da educação brasileira

Durante a abertura do 60º Congresso da UNE, presidente relembrou avanços no ensino superior e defendeu programas como Prouni e Fies. "Desafio da esquerda é fazer acontecer nossas próprias reivindicações", afirmou

Fernanda Strickland
postado em 17/07/2025 14:36 / atualizado em 17/07/2025 14:40
Ao lado da presidente da Une, Manuela Mirella, durante congresso da entidade em Goiânia, o petista agradeceu o apoio histórico do movimento estudantil  -  (crédito:  Ricardo Stuckert/PR)
Ao lado da presidente da Une, Manuela Mirella, durante congresso da entidade em Goiânia, o petista agradeceu o apoio histórico do movimento estudantil - (crédito: Ricardo Stuckert/PR)

Em discurso marcado por memória, reconhecimento e firmeza política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quinta-feira (17/7) da cerimônia de abertura do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília. Ao lado da presidente da entidade, Manuela Mirella, o petista agradeceu o apoio histórico do movimento estudantil às transformações na educação promovidas durante seus mandatos e destacou os desafios enfrentados para ampliar o acesso ao ensino superior no Brasil.

“Sou muito grato a todo o papel que a UNE teve nos meus dois primeiros mandatos, nos mandatos da presidenta Dilma e, agora, neste terceiro mandato. A UNE é responsável pelo fato de a gente ter conquistado tantas coisas no ensino deste país”, destacou o presidente, sob aplausos de centenas de estudantes reunidos na capital federal.

Lula fez questão de lembrar que, mesmo dentro da UNE e do movimento estudantil, muitas vezes houve resistência a propostas do governo. Ele citou como exemplo a ampliação do número de vagas por sala de aula no programa Reuni, criado para reestruturar e expandir as universidades federais. “Tinha gente que achava que aumentar de 12 para 18 alunos ia piorar a qualidade do ensino. A UNE enfrentou esse debate”, recordou.

Prouni e Fies

Outro tema abordado foi a criação do Prouni, que concede bolsas em instituições privadas para estudantes de baixa renda. Segundo Lula, a iniciativa foi alvo de críticas à época, por supostamente beneficiar o setor privado. “Muita gente dizia que a gente ia ajudar a burguesia brasileira que cuidava da educação. Mas a UNE ajudou a mostrar que estávamos cobrando uma dívida e transformando em oportunidade”, explicou.

O presidente também ressaltou as mudanças promovidas no Fies, programa de financiamento estudantil. “O Fies já existia, mas era quase inacessível. Quando o estudante ia na Caixa pedir crédito, pediam fiador. E quem quer ser fiador de estudante? Nem o pai. Aí, colocamos o Estado como fiador”, disse. “Essas coisas não foram poucas. Em poucos anos, saímos de 3,5 milhões para quase 9 milhões de alunos no ensino superior. É pouco, mas é muito diante do que a elite brasileira não fez em 400 anos.”

Lula falou ainda sobre seu histórico pessoal com a educação, lembrando que, embora não tenha diploma universitário, foi o presidente que mais investiu no setor. “Isso não é motivo de orgulho. Mas fui o presidente que mais fez universidades, mais fez escola técnica, que mais investiu em educação”, afirmou.

O petista também comparou sua trajetória à do sindicalista polonês Lech Walesa, líder do movimento Solidariedade e primeiro presidente eleito da Polônia pós-comunista. “O Walesa foi eleito com apoio da elite e teve 0,5% dos votos na reeleição. Eu tinha medo de não conseguir governar. Mas o desafio da esquerda é fazer acontecer as nossas próprias reivindicações. Foi por isso que começamos a fazer universidades.”

O 60º CONUNE acontece até domingo (21), reunindo estudantes de todas as regiões do país para discutir os rumos da educação, da democracia e das lutas sociais no Brasil. A presença de Lula, uma tradição em edições marcantes do congresso, reforça a histórica aliança entre o movimento estudantil e os projetos de inclusão e transformação social defendidos pelo atual governo. 

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