Em discurso marcado por memória, reconhecimento e firmeza política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quinta-feira (17/7) da cerimônia de abertura do 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília. Ao lado da presidente da entidade, Manuela Mirella, o petista agradeceu o apoio histórico do movimento estudantil às transformações na educação promovidas durante seus mandatos e destacou os desafios enfrentados para ampliar o acesso ao ensino superior no Brasil.
“Sou muito grato a todo o papel que a UNE teve nos meus dois primeiros mandatos, nos mandatos da presidenta Dilma e, agora, neste terceiro mandato. A UNE é responsável pelo fato de a gente ter conquistado tantas coisas no ensino deste país”, destacou o presidente, sob aplausos de centenas de estudantes reunidos na capital federal.
Lula fez questão de lembrar que, mesmo dentro da UNE e do movimento estudantil, muitas vezes houve resistência a propostas do governo. Ele citou como exemplo a ampliação do número de vagas por sala de aula no programa Reuni, criado para reestruturar e expandir as universidades federais. “Tinha gente que achava que aumentar de 12 para 18 alunos ia piorar a qualidade do ensino. A UNE enfrentou esse debate”, recordou.
Prouni e Fies
Outro tema abordado foi a criação do Prouni, que concede bolsas em instituições privadas para estudantes de baixa renda. Segundo Lula, a iniciativa foi alvo de críticas à época, por supostamente beneficiar o setor privado. “Muita gente dizia que a gente ia ajudar a burguesia brasileira que cuidava da educação. Mas a UNE ajudou a mostrar que estávamos cobrando uma dívida e transformando em oportunidade”, explicou.
O presidente também ressaltou as mudanças promovidas no Fies, programa de financiamento estudantil. “O Fies já existia, mas era quase inacessível. Quando o estudante ia na Caixa pedir crédito, pediam fiador. E quem quer ser fiador de estudante? Nem o pai. Aí, colocamos o Estado como fiador”, disse. “Essas coisas não foram poucas. Em poucos anos, saímos de 3,5 milhões para quase 9 milhões de alunos no ensino superior. É pouco, mas é muito diante do que a elite brasileira não fez em 400 anos.”
Lula falou ainda sobre seu histórico pessoal com a educação, lembrando que, embora não tenha diploma universitário, foi o presidente que mais investiu no setor. “Isso não é motivo de orgulho. Mas fui o presidente que mais fez universidades, mais fez escola técnica, que mais investiu em educação”, afirmou.
O petista também comparou sua trajetória à do sindicalista polonês Lech Walesa, líder do movimento Solidariedade e primeiro presidente eleito da Polônia pós-comunista. “O Walesa foi eleito com apoio da elite e teve 0,5% dos votos na reeleição. Eu tinha medo de não conseguir governar. Mas o desafio da esquerda é fazer acontecer as nossas próprias reivindicações. Foi por isso que começamos a fazer universidades.”
O 60º CONUNE acontece até domingo (21), reunindo estudantes de todas as regiões do país para discutir os rumos da educação, da democracia e das lutas sociais no Brasil. A presença de Lula, uma tradição em edições marcantes do congresso, reforça a histórica aliança entre o movimento estudantil e os projetos de inclusão e transformação social defendidos pelo atual governo.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Ensino superior
Ensino superior
Política