Um acidente ocorrido na madrugada desta quarta-feira (16/7) no km 4 da BR-153, em Porangatu, Goiás, matou cinco pessoas, dentre elas alunos e um funcionário da Universidade Federal do Pará (UFPA). O ônibus envolvido na tragédia, que transportava 25 alunos, dois motoristas e um orientador, ia da capital paraense à capital goiana, onde ocorre congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE).
De acordo com informações do Corpo de Bombeiros, o veículo, o primeiro de um comboio de quatro, bateu de frente com uma carreta que estava na contramão. Com o impacto, quatro ocupantes do transporte estudantil — três alunos e o motorista — e o condutor do outro automóvel, que não foi identificado, morreram no local.
As mortes foram confirmadas pela UFPA, que informou que outros passageiros feridos foram encaminhados a hospitais próximos. Apesar de o segundo ônibus do comboio universitário também ter sido atingido pela colisão, não houve feridos reportados nos demais veículos.
Em nota, a Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (UnB) divulgou os nomes das vítimas cujas vidas foram perdidas na tragédia. A União da Juventude Rebelião (UJR) e o partido Unidade Popular (UP), dos quais dois dos estudantes eram militantes, também prestaram homenagem, bem como o presidente da legenda socialista, Leonardo Pericles.
“Nada pode reparar a dor dessa perda, mas uma coisa é certa: a memória, os sonhos e a luta desses companheiros jamais serão esquecidos”, dizem. “Continuaremos o caminho escolhido por eles com mais vontade e compromisso que antes, pois essa é a melhor forma de honrar a dedicação, a alegria e a certeza com que Ana, Welfesom e Leandro lutaram para construir a nossa luta por um mundo novo, sem exploração, fome e injustiças.”
No ato de abertura do 60º Congresso da UNE, que ocorre às 19h desta quarta, a entidade estudantil presta homenagem póstuma aos estudantes que morreram a caminho do evento.
Welfesom Campos Alves
Militante da UJR e da UP desde a fundação, Welfesom Campos Alves era estudante da Universidade Federal do Pará e responsável pelo trabalho do jornal independente A Verdade no estado.
Em nota, a redação do veículo o descreve como “companheiro fundamental para fortalecer a imprensa popular e revolucionária na região”. O perfil da Unidade Popular do Pará no Instagram afirma que o jovem estava “sempre presente nas lutas e construções do dia a dia” e que a trajetória dele mostrava “a força da militância de base na construção de um Brasil mais justo”.
Welfesom era também funcionário do Sindicato dos Trabalhadores Portuários do Pará e Amapá (Sindiporto PA/AP), responsável por artes visuais, vídeos e imagens da organização. Em comunicado, a empresa o define como “um marido dedicado, um filho exemplar e um profissional de excepcional talento”.
Leandro Souza Dias
Também militante da UJR e da UP, o estudante de farmácia Leandro Souza Dias fazia parte do Movimento Correnteza e da equipe do jornal A Verdade.
O veículo afirma que ele e Welfensom “foram incansáveis brigadistas” do meio de comunicação, ao qual “ensinavam diariamente através do exemplo, da disciplina, da generosidade e do amor pela luta”. Nas redes sociais, Leandro compartilhava momentos em mobilizações populares. “Ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética”, citou, em uma legenda.
Em nota, o Programa de Educação Tutorial em Farmácia da Universidade Federal do Pará (PER-Farmácia/UFPA) manifestou condolências a famílias e amigos das vítimas do acidente, “em especial do nosso querido discente Leandro Souza Dias, que sempre será lembrado com carinho, respeito e saudade”.
Ana Letícia Araújo Cordeiro
Aluna do curso de pedagogia da UFPA, Ana Letícia Araújo Cordeiro era descrita por conhecidos como uma pessoa carismática e calma. O Centro Acadêmico da faculdade a que pertencia afirma que ela “era muito querida por todos e todas na turma” e que a presença dela “marcava os dias com leveza”.
“Sempre comunicativa e sorridente, era conhecida por seu acolhimento e gentileza”, diz publicação que a homenageia. “Será sempre lembrada por seu humor, carisma e a forma generosa com que compartilhava momentos e descobertas ao longo do percurso na universidade.”
Nos comentários, colegas compartilham depoimentos acerca de momentos vividos com Ana Letícia. “Logo você, tão leve e calma”, diz um usuário. “Sentirei sua falta na sala de aula.”
Ademilsom Militão de Oliveira
Motorista do Campus Altamira da Universidade Federal do Pará, Ademilsom Militão, conhecido por amigos pelo sobrenome, dirigia o ônibus de estudantes no momento da tragédia. Em nota, a coordenação do campus (CALTA/UFPA) informa que o colaborador trabalhou na função “com zelo e dedicação por mais de 9 anos” e “será sempre lembrado com carinho por todos os amigos que fez nessa universidade”.
Em publicação nas redes sociais, pesquisador da instituição faz homenagem ao colega. “Ele era a pessoa responsável por nos levar aos campos de pesquisa, às atividades da universidade”, diz vídeo. “Era quem chegava cedo e esperava com paciência. Era quem ouvia nossas conversas, nossos silêncios, nossas alegrias e cansaços. Era aquele que, no meio do trajeto, oferecia uma palavra amiga, um sorriso, ou apenas o seu silêncio respeitoso de quem está presente de verdade.”
Ensino superior
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