O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta sexta-feira (18) estar sendo alvo de uma "perseguição implacável", após ter sido submetido a medidas cautelares autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Ele teve uma tornozeleira eletrônica instalada pela Polícia Civil do Distrito Federal e, em seguida, dirigiu-se à sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, onde concedeu entrevista à imprensa.
A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na casa de Bolsonaro e na sede do partido. "Vieram aqui, não sei o que pegaram", disse o ex-presidente. Na casa de Bolsonaro, os agentes da PF apreenderam, US$ 14 mil em espécie e um pen drive escondido no banheiro, além de R$ 8 mil. "Vou perguntar para minha esposa se o pen drive é dela", afirmou o ex-presidente.
Durante a coletiva, Bolsonaro negou qualquer envolvimento em plano de golpe e questionou a ausência de provas. "Qual foi o crime? Fala lá [na denúncia] de tentativa armada e golpe de Estado, foi apreendida alguma arma?", declarou. Ele também disse temer uma prisão iminente. "Você vê velhinhas presas, uma mulher com sete filhos, foi condenada a 14 anos de cadeia. Tudo pode acontecer". Ele se negou a responder perguntas sobre uma possível tentativa de fuga e disse sonhar "com a justiça".
A Polícia Federal (PF) fez operação na residência do ex-presidente na manhã desta sexta-feira (18/7). Busca e apreensão encontrou US$ 14 mil (cerca de R$ 78 mil) e R$ 8 mil em espécie, além de um pen drive.
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Após ação, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou medidas cautelares contra Bolsonaro, entre elas o uso de tornozeleira eletrônica
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O político foi encaminhado ainda na manhã desta sexta-feira (18/7) ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, onde colocou o dispositivo eletrônico
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A decisão de Moraes determina ainda que Bolsonaro não pode usar redes sociais, se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros ou nem com outros réus e investigados pelo STF, incluindo o filho Eduardo Bolsonaro. Ele também deve cumprir recolhimento domiciliar de 19h às 6h
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Em fala à imprensa, o ex-presidente afirmou que é alvo de uma "suprema humilhação". Em relação aos dólares, ele alegou: "Sempre guardei dólar em casa. É normal". Ter dólares em casa não é ilegal, mas é necessário declarar valores acima de US$ 10 mil. A suspeita é de que o dinheiro poderia ser usado para arquitetar fuga do país.
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"Eu não tenho a menor dúvida de que (esse movimento) é uma perseguição. Que provas tem contra mim? Não tem nada, são só suposições. Quando se fala em (acusação) criminal, você tem que ter algo concreto. Eu não me reuni com marginal no Morro do Alemão, como o Lula fez, 'tá'?", declarou o ex-presidente.
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Decisão de Moraes aponta que Bolsonaro e o filho Eduardo "vêm atuando, ao longo dos últimos meses, junto a autoridades governamentais dos Estados Unidos da América, com o intuito de obter a imposição de sanções contra agentes públicos do Estado Brasileiro".
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Os atos do ex-presidente e do filho podem ser configurados como crime de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito
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Após conversa com a imprensa no Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, Jair Bolsonaro foi para a sede do Partido Liberal
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Bolsonaro fala à imprensa após colocar a tornozeleira eletrônica
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Bolsonaro está proibido de falar com o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, seu filho, nem mesmo por intermédio da imprensa. "Eu estou ferindo aqui as medidas cautelares", disse aos jornalistas. Devido aos desdobramentos de hoje (18), Bolsonaro acredita que Eduardo perderá o mandato de deputado. "Pelo que tudo indica, vai perder seu mandato e via PAD (Processo Administrativo), vai ser excluído da Polícia Federal. É uma perseguição implacável".
O ex-presidente lamentou as restrições impostas. "Estou de tornozeleira, tenho que ficar em casa. Não posso falar com meu filho. Eu nunca vi isso. Eu não posso falar com um filho meu que não é bandido, não é criminoso". E concluiu: "É perseguição ou não é?". Para ele, o julgamento é político. Os mandados contra Bolsonaro foram expedidos em inquérito que investiga a atuação de Eduardo nos Estados Unidos. A suspeita é de que o parlamentar está atuando para atrapalhar o julgamento da trama golpista.