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Moraes limitou acesso à Praça dos Três Poderes após PGR notar agitação nas redes

Moraes limita acesso após PGR perceber agitação nas redes a partir de acampamento de deputado bolsonarista em frente ao STF

Lopes e Chrisóstomo (à direita, parcialmente encoberto) deixaram a praça logo que souberam que seriam presos se descumprissem a ordem do ministro -  (crédito: Reprodução de vídeo)
Lopes e Chrisóstomo (à direita, parcialmente encoberto) deixaram a praça logo que souberam que seriam presos se descumprissem a ordem do ministro - (crédito: Reprodução de vídeo)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou a proibição de qualquer tipo de manifestação ou acampamento num raio de 1km da Praça dos Três Poderes, da Esplanada e das áreas em frente aos quartéis. O motivo foi o gesto do deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), que montou uma barraca em frente do STF em protesto contra decisões da Corte relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar recebeu a solidariedade do também deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) e do desembargador aposentado Sebastião Coelho, que se juntaram à manifestação. Pelas redes sociais, uma carreata estava sendo convocada para hoje, cujo destino final seria a Praça dos Três Poderes.

A decisão do ministro atendeu à representação da Procuradoria-Geral da República. A PGR e Moraes consideraram que a manifestação chefiada por Lopes e Chrisóstomo era uma tentativa de intimidação à Corte devido às punições impostas a Bolsonaro — e que poderiam ensejar à repetição das ocorrências de 8 de janeiro de 2023. Tanto que, na ordem, o magistrado anexou publicação de um perfil no X que, às 19h35, fez a seguinte postagem: "Está pegando tração na Praça dos Três Poderes. Mais barracas chegando".

"Na presente hipótese, o exercício dos direitos de reunião e manifestação é reivindicado com o confessado propósito de repetir os ilegais e golpistas acampamentos realizados na frente dos quartéis do Exército, para subverter a ordem democrática e inviabilizar o funcionamento das instituições republicanas, em especial o Supremo Tribunal Federal. Não há outra interpretação a ser extraída da tentativa de repetição da ilegal ocupação de vias públicas a acampamentos golpistas realizados na frente do Exército brasileiro e das condutas golpistas lamentáveis praticadas na Praça dos Três Poderes", salientou Moraes. A decisão foi tomada no âmbito do Inquérito 4.781, que apura a atuação de milícias digitais, disseminação de fake news e organização de atos antidemocráticos.

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Moraes também autorizou a prisão em flagrante por desobediência ou resistência, caso os bolsonaristas insistissem em permanecer no local após serem notificados. Por terem sido intimados a cumprir a ordem, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e o secretário de Segurança Pública, Sandro Avelar, compareceram pessoalmente à Praça dos Três Poderes para colocar fim à possibilidade de haver uma concentração de apoiadores de Bolsonaro. Chegaram ao local por volta da meia-noite e meia de ontem e avisaram aos deputados que poderiam ser presos caso descumprissem a determinação de Moraes. Não houve resistência.

"Em complemento à decisão anterior, pelos mesmos fundamentos, para garantir a segurança pública e evitar novos eventos criminosos semelhantes aos atos golpistas ocorridos em 8/1/2023, determino a proibição de qualquer acampamento em um raio de 1km da Praça dos Três Poderes, Esplanada dos Ministérios e, obviamente, em frente aos quarteis das Forças Armadas", disse o ministro. Na manhã de ontem, a região amanheceu com policiamento ostensivo, barreiras físicas e acesso restrito aos prédios do Congresso, do STF e do Palácio do Planalto.

No X (antigo Twitter), Chrisóstomo protestou. "A decisão do pedido do ministro Alexandre de Moraes é totalmente inconstitucional. A Constituição Federal foi revogada e não estou sabendo…". Da mesma forma, Sebastião Coelho criticou Moraes e, em vídeo publicado no Instagram pessoal, disse que "estranhou muito" que Ibaneis cumprisse a ordem do ministro. Já o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), fez uma provocação no X: "Saudades de quando a nossa Justiça era cega. Não careca".

 


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postado em 27/07/2025 00:01 / atualizado em 27/07/2025 17:06
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