
São Paulo — Governadores da direita aproveitaram o segundo dia da Expert XP, ontem, para criticar a condução feita pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao tarifaço de Donald Trump sobre o Brasil, que aumentou em 50% os impostos sobre os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos. Segundo Ronaldo Caiado (GO), Ratinho Junior (PR) e Tarcísio de Freitas (SP), a administração desse contencioso está equivocada.
Para Caiado, "Lula não quer resolver o problema do tarifaço", foi "irresponsável" e tem tomado decisões questionáveis na área da diplomacia. Ele considera um erro a visita que fez à ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que cumpre prisão domiciliar, quando esteve em Buenos Aires, em vez de se aproximar de Javier Milei, à frente do país que é o principal parceiro comercial do Brasil na América Latina.
Caiado considera que Lula segue mal preparado e que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, perdeu o status de integrante do primeiro escalão, pois não seria mais ouvido pelo presidente — segundo o governador de Goiás, a função de conselheiro direto vem sendo exercida pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Sidônio Palmeira.
"Hoje, o Lula não consulta ministro da Fazenda e do Planejamento. Ele só consulta o marqueteiro. O ministro da Fazenda é de baixo clero, porque o presidente quer tirar mais benefício do ponto de vista pessoal para a campanha eleitoral", acusou Caiado, que era aplaudido pela plateia sempre que criticava o governo. "Ele fala de soberania, sabemos que o Brasil é dos brasileiros. Mas o Brasil não é do PT. E não fomos consultados para ele tomar qualquer decisão", acrescentou.
Ratinho Jr., por sua vez, também criticou o fato de que Lula não enviou o chanceler Mauro Vieira aos EUA para negociar pessoalmente um acordo sobre a aplicação da sobretaxa. "Os outros países mandaram seus representantes para discutir o assunto e o governo fica fazendo vídeo para brincar sobre o assunto. Não vemos nenhum chanceler indo para os EUA para discutir a questão. O governo só está antecipando o debate eleitoral", criticou Ratinho Jr.
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Sub-representação
Para ele, essa antecipação da corrida eleitoral, em boa parte, tem ocorrido porque a população não está se sentindo representada pelo atual governo. Segundo o governador paranaense, é possível tomar as medidas necessárias para o controle das contas públicas, que, pelos cálculos do próprio governo, podem colapsar em 2027.
"Acredito que o Brasil está em um momento difícil. Aprendi com o Paulo Hartung (ex-governador do Espírito Santo) que quem não cuida das contas públicas não cuida dos mais humildes e não consegue cuidar das pessoas", afirmou.
Ele garantiu que, logo quando assumiu o governo do Paraná, em 2019, tomou algumas decisões que serviram para equilibrar as contas do estado: reduziu em 50% o número de secretarias, entregou o jatinho que era alugado para o Poder Executivo e acabou com as aposentadorias dos governadores — além de ter dado a largada a outras ações, como como privatizações e parcerias público-privadas em várias áreas.
Tarcísio, que comemorou a vitória de Trump nas eleições norte-americanas e chegou a usar o boné da campanha do republicano, disse que o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA pode fazer com que São Paulo perca 120 mil empregos, além de sofrer perdas de receitas entre 0,3% e 2,7% do Produto Interno Bruto (PIB).
"A gente tem feito muitas simulações e o efeito pode ser muito severo de fato", advertiu.
O governador paulista disse que pretende fazer uma "grande liberação" de crédito do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) para as empresas afetadas a fim de "atenuar os efeitos". Afirmou, ainda, estar preocupado tanto com as pequenas empresas quanto com as grandes que operam no Estado. E citou o caso da Embraer.
"Ela manda aos EUA os aviões executivos que são fabricados em Gavião Peixoto, manda os aviões da aviação comercial que são fabricados em São José dos Campos — e a gente está falando de impor um ônus significativo à empresa", lamentou.
De acordo com Tarcísio, a política do "nós contra eles" e de ataques ao empresariado por parte de Lula não traz vantagens, sobretudo neste momento de crise. "Vivemos um problema de tentar tirar vantagem política de tudo, mas nunca vamos fortalecer o aliado atacando o empregador", afirmou.
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