
Aliados de Jair Bolsonaro comemoraram a inclusão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), entre os sancionados pela Lei Magnitsky. O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que tem se apresentado como o principal articulador do tarifaço de 50% — que prejudica as exportações brasileiras para os Estados Unidos — e dos ataques do governo de Donald Trump ao magistrado, exultou nas redes sociais. O filho 03 do ex-presidente disse ter a "sensação de missão cumprida", agradeceu ao presidente norte-americano e aos parlamentares republicanos responsáveis pela medida.
"As sanções financeiras são duras — mas ainda leves diante do que Moraes impôs a milhares de brasileiros inocentes: o exílio, o silêncio forçado, a humilhação pública, a prisão sem julgamento, o confisco de bens, a destruição de reputações e famílias", acusou o parlamentar licenciado, por meio de nota. Eduardo acrescentou que a Magnitsky é "apenas um aviso" e ameaçou novas medidas também contra autoridades brasileiras e parentes de Moraes.
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"O custo de apoiar Alexandre de Moraes, seja por omissão, cumplicidade ou conveniência, será insuportável. Para os indivíduos e também para suas famílias. Chegou a hora da escolha: estar com Moraes, ou com o Brasil" afirmou. A nota também foi assinada pelo influenciador digital Paulo Figueiredo, citado por Trump na decisão que aplicou a Lei Magnitsky contra Moraes e que tem ajudado o filho 03 junto ao governo dos EUA nas agressões à soberania brasileira.
Também filho do ex-presidente, o vereador carioca Carlos Bolsonaro (PL) compartilhou o vídeo publicado pelo irmão. "A pergunta que precisa ser feita é simples: de que serve uma economia que se desenvolve às custas do silêncio forçado, da censura institucional e do medo generalizado?", escreveu.
"Grande dia"
Parlamentares bolsonaristas juntaram-se à celebração da decisão contra Moraes e fizeram mais ataques ao ministro do STF. "Grande dia!", escreveu o líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ). Já o líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS), em vídeo, disse que "não há nada o que comemorar" na sanção aplicada a Moraes. "Isso é uma vergonha para o Brasil. É triste ver a que ponto chegamos, quando um governo estrangeiro precisa agir para conter os excessos de um ministro do STF. Por que? Porque as instituições brasileiras deixaram de cumprir seu papel", disse.
O deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) aproveitou o anúncio da sanção pela Magnitsky para cobrar que Câmara e Senado votem o impeachment de Moraes. "Todo o mundo está vendo quem é Alexandre de Moraes. Já passou, e muito, da hora de o Congresso responsabilizá-lo por todos os abusos, ilegalidades e maldades cometidos", pontuou.
Já Kim Kataguiri (União-SP) negou que a decisão afronte a soberania do Brasil e disse que Moraes agiu contra cidadãos e empresas americanas. "Não há nenhuma sanção dentro do território brasileiro em relação a empresas brasileiras ou sistemas de pagamento brasileiros", comentou.
Sobre a Magnitsky e o prejuízo a Moraes, o especialista em direito tributário Ivson Coêlho chamou a atenção para o fato de que "o Banco do Brasil, que tem atuação nos EUA, e operadoras de cartões com matriz americana, podem suspender contas, cartões ou serviços" do ministro. A especialista em direito internacional Hanna Gomes salientou que a inclusão de Moraes na lista acarreta "um grave dano à reputação, pessoal e profissional, perante outros países que reconheçam a legitimidade da Magnitsky".
Gustavo Menon, coordenador do curso de Relações Internacionais na Universidade Católica de Brasília, acredita que as ações do governo Trump são "um ataque à democracia e à soberania brasileira" e são coordenadas em aliança com a família Bolsonaro. "O lobby direto de Eduardo Bolsonaro nos Estados Unidos é uma demonstração clara disso. Há forte coordenação entre a família Bolsonaro e o trumpismo, com ações nos campos diplomático, midiático e econômico para pressionar em favor da anistia de Jair Bolsonaro, tornando essa aliança um dos principais vetores da crise entre Brasil e Estados Unidos. Ao que tudo indica, Donald Trump continuará utilizando sanções como instrumento de pressão política enquanto o julgamento de Jair Bolsonaro, pelo suposto golpe, estiver em andamento no Brasil".
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Wal Lima
Repórter de PolíticaJornalista com mais de 10 anos de experiência, com especialização em Marketing Político Digital. Além da experiência em redação e portais, já atuei como assessora de comunicação de parlamentares na Câmara dos Deputados. Tenho o jornalismo como uma missão
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