SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Moraes proíbe divulgação de entrevistas de Bolsonaro nas redes sociais

Antes da decisão de Moraes, Bolsonaro negou, em entrevista, ter relação com o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 50% sobre todos os produtos brasileiros e disse não ter o que fazer em relação à medida anunciada há duas semanas

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), proibiu a transmissão ou veiculação de áudios e vídeos de entrevistas do ex-presidente Jair Bolsonaro nas redes sociais. 

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Em despacho publicado nesta segunda-feira (21/7), Moraes afirmou que a divulgação de entrevistas de Bolsonaro corre o risco de burlar a proibição do uso de redes sociais, sob o risco de decretação de prisão do ex-presidente, após a decretação de medidas cautelares na sexta-feira (18/7).

Naquele dia, após a ação da Polícia Federal, Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica e foi submetido a outras medidas cautelares por decisão de Moraes, como a proibição de sair de casa das 19h às 6h e uso das redes sociais.

"A medida cautelar de proibição de utilização de redes sociais, diretamente ou por intermédio de terceiros, imposta a Jair Messias Bolsonaro inclui, obviamente, as transmissões, retransmissões ou veiculação de áudios, vídeos ou transcrições de entrevistas em qualquer das plataformas de redes sociais de terceiros, não podendo o investigado se valer desses meios para burlar a medida, sob pena de imediata revogação e decretação da prisão", disse o ministro no despacho desta segunda.

Entrevista mais cedo

Antes da publicação da decisão de Moraes, Bolsonaro negou hoje ter relação com o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de 50% sobre todos os produtos brasileiros e disse não ter o que fazer em relação à medida anunciada há duas semanas.

"Isso é lá do governo Trump. Não tem nada a ver com a gente. Querem colar na gente os 50%. Mentira", disse. "Eu não tenho contato com autoridades americanas."

Em entrevista à jornalista Andréia Sadi, do portal g1, nesta segunda-feira, o ex-presidente negou ainda que seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), possa negociar com autoridades americanas sobre a taxação.

"Ele não pode falar em nome do governo do Brasil. O Eduardo não pode falar em nome do governo brasileiro", disse o ex-presidente.

As declarações desta segunda contradizem a posição que a família Bolsonaro vinha mantendo desde o anúncio das tarifas, em 9 de julho. Na ocasião, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), na qual informou que todos os produtos importados do Brasil para os EUA serão taxados em 50%.

Entre as justificativas, estão o tratamento dado pelo país ao ex-presidente e as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas de tecnologia. Dois dias antes, Trump havia publicado nota afirmando que Bolsonaro sofria perseguição e "caça às bruxas".

Eduardo, que declaradamente se mudou para os Estados Unidos em busca de sanções contra autoridades brasileiras, se colocou, inclusive, à disposição do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para levar as propostas do governador aos negociadores americanos.

Bolsonaro chegou a dizer na quinta-feira (17/7), em visita ao Senado, que Eduardo é "mais útil" nos EUA, e se colocou à disposição para conversar com o presidente sobre tarifaço.

Na convicção do ex-presidente, ele teria condições de barrar a investigação comercial aberta contra o Brasil e a guerra tarifária. "Acho que teria sucesso uma audiência com presidente Trump. Estou à disposição", disse. "Se me der um passaporte, negocio."

Em plenário virtual, a Primeira Turma formou maioria para referendar as medidas impostas pelo ministro, em votos destacando a soberania nacional e o risco de fuga.

Com informações da Agência Estado

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