
O clã Bolsonaro reagiu com declarações firmes ao mandado de prisão domiciliar contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), pivô da decisão de Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que a medida do magistrado é uma espécie de "vingança" por ter sido sancionado pelo governo dos Estados Unidos com base na Lei Magnitisky. A sanção foi anunciada na semana passada pela gestão Donald Trump, depois de meses de atuação do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) junto às autoridades dos EUA contra o Judiciário brasileiro.
"Era tudo o que Moraes queria: se vingar do presidente Bolsonaro. (...) Ele está concretizando mais um desejo seu, mais uma satisfação pessoal sua de colocar em prisão domiciliar a maior referência de todos nós na política do Brasil hoje, numa clara vingança às sanções que ele sofreu da Lei Magnitsky", disparou o parlamentar. Ele classificou o momento como um "capítulo triste na história do Brasil" e argumentou que o país estaria, agora, em uma "ditadura".
O senador também argumentou que Moraes deveria ter se declarado impedido de julgar o ex-presidente por ser um "inimigo público" de Bolsonaro. "É uma covardia que ele faz com um ex-presidente da República que nunca se negou a cumprir suas decisões judiciais, compareceu a todas as dezenas de processos contra ele, basicamente (tocados) pelo Alexandre de Moraes. Ele jamais poderia estar julgando o presidente Jair Bolsonaro, porque ele claramente é um inimigo público do presidente Bolsonaro".
Flávio Bolsonaro cobrou ainda o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para dar andamento a um pedido de impeachment de Moraes. O Senado é a Casa responsável por decidir sobre o afastamento de integrantes da Suprema Corte. "Ele (Moraes) acabou com as prerrogativas parlamentares. Meu presidente Davi Alcolumbre, o que o senhor vai fazer em relação a isso?", questionou.
Já o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que segue nos Estados Unidos, disse ter recebido a notícia com tristeza, mas "sem surpresa". "Desde que traçamos nossos planos para a restauração das liberdades no Brasil, sempre tivemos uma certeza: Alexandre de Moraes é um psicopata descontrolado que jamais hesitaria em dobrar a aposta", afirmou o parlamentar, em nota. "Essas ações só nos fortalecem. Alexandre de Moraes é agora um violador de direitos humanos oficialmente sancionado, e nós permaneceremos inabaláveis", acrescentou.
A notícia também reverberou no Congresso. Aliados do ex-presidente rapidamente inundaram as redes sociais com mensagens de apoio ao político e de ataques a Moraes. O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), disse que o magistrado não teria mais "legitimidade moral ou jurisdicional" para decidir sobre o futuro de qualquer cidadão por ter sido sancionado pelos Estados Unidos. Também pediu que o Senado dê andamento a um eventual impeachment de Moraes. "É urgente a abertura imediata de um processo", enfatizou.
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL), foi na mesma linha. "Não aceitaremos mais esse Estado de exceção. Conclamamos todos os senadores da República a honrar seus mandatos", afirmou.
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"Ninguém acima da lei"
O líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), disse que a prisão domiciliar demonstra que, no Brasil, "ninguém está acima da lei". Para o parlamentar, o devido processo legal foi respeitado. "Atacar o Estado Democrático de Direito e desrespeitar nossas instituições é atentar contra os próprios direitos do povo brasileiro", pontuou.
A ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu as acusações de bolsonaristas de que foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quem buscou o enfrentamento com o governo dos Estados Unidos. "Quem provocou as sanções de Trump foi a família Bolsonaro, numa traição ao Brasil e ao nosso povo", afirmou, referindo-se ao lobby do deputado Eduardo Bolsonaro nos EUA.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), foi na mesma linha. "Um ex-presidente que conspira com potências estrangeiras para enfraquecer seu próprio país não está apenas afrontando a Justiça, mas traindo os fundamentos constitucionais da República. A prisão domiciliar é um freio necessário até o julgamento final, que tende à sua condenação definitiva e ao início da execução da pena", destacou o petista em seu perfil no X.
No Senado, o líder do PT na Casa, Rogério Carvalho (SE), ressaltou que a Justiça "está sendo feita". Classificou a prisão domiciliar de Bolsonaro de um "marco histórico". "O Brasil está dizendo, em alto e bom som: quem atenta contra a democracia vai responder por isso. Não há anistia para golpistas. Não há blindagem para quem tramou contra a Constituição, conspirou nos porões do poder e tentou usurpar a vontade soberana do povo brasileiro", escreveu em suas redes sociais.
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