poder

Itamaraty elabora reação à investigação contra Pix

Chanceler trabalha na resposta ao governo norte-americano, que vê "irregularidades" no método de pagamento e acusa o Brasil de estimular o contrabando e a falsificação

Ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores -  (crédito: Carlos Cruz/MRE)
Ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores - (crédito: Carlos Cruz/MRE)

ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciou, ontem, que o governo responderá à investigação aberta pelo governo dos Estados Unidos contra o Brasil mirando o Pix e outros elementos da economia, como a venda de produtos falsificados e contrabandeados na Rua 25 de Março, em São Paulo. Segundo o chanceler, a resposta será enviada até 18 de agosto.

"Sobre a investida da Seção 301 da lei de comércio norte-americana, que questiona o nosso Pix e outras práticas brasileiras absolutamente legítimas, gostaria de informar que o Itamaraty está preparando a resposta", disse o ministro, na 5ª Reunião Plenária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável.

Segundo o chanceler, a diplomacia brasileira está empenhada na negociação dos termos comerciais da relação entre o Brasil e os EUA. Para confirmar isso, citou seus encontros com o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, e com o representante da Casa Branca para Comércio Exterior, Jamieson Greer, entre outras reuniões sobre o tema.

Vieira, porém, descartou que o Brasil vá aceitar negociar questões de soberania para amenizar as pressões de Trump contra o Supremo Tribunal Federal (STF), em função da ação em que o ex-presidente Jair Bolsonaro é réu por tentativa de golpe de Estado. "Estamos abertos a discutir os temas comerciais. Ressaltei, por outro lado, que a integridade das instituições constituídas, a democracia e a soberania brasileira não são negociáveis", frisou.

No mesmo evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o governo não permitirá que os minerais raros sejam explorados por países estrangeiros, como no passado. Isso porque houve o contato de Gabriel Escobar, encarregado de negócios do EUA no Brasil — e que está à frente da embaixada —, dias atrás, com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), no qual demonstrou interesses do governo de Washington nesses elementos. Por causa disso, chegou a ser difundida a versão de que o Palácio do Planalto poderia incluí-los em eventuais negociações para a suspensão do tarifaço de 50% baixado pelo presidente Donald Trump sobre parte das exportações brasileiras.

"Contamos com a maior reserva mundial de nióbio, a segunda de níquel e de terras raras, e a terceira de manganês e de bauxita. Estamos construindo uma política nacional que vai garantir que a exploração desses recursos traga ganhos ao povo brasileiro", enfatizou Lula.

O comentário do presidente é um contraponto ao do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que afirmou, na segunda-feira, que haveria a possibilidade de acordos de cooperação com os EUA envolvendo terras raras e minerais críticos. "Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais. Podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes na área tecnológica", disse o ministro, em entrevista à BandNews.

Lula afirmou, ainda, que criará um conselho de política mineral ligado diretamente à Presidência da República para evitar que esses elementos sejam entregues ao exterior. "Temos um conselho de política mineral que vou trazer para a Presidência da República. Vai funcionar ligado ao meu umbigo para que a gente não veja ninguém vendendo as coisas que a gente tem sem passar por uma discussão. Se essas terras raras e esses minerais críticos existem de verdade no Brasil, eles são nossos. A gente não vai permitir que sejam explorados como outros minérios por tanto tempo", anunciou Lula. (Com Agência Estado)

 

  • Google Discover Icon
postado em 06/08/2025 03:55
x