Itamaraty

Chanceler critica ‘conluio’ na tentativa dos EUA de interferir no Judiciário

Ministro das Relações Exteriores faz duro discurso contra autoridades brasileiras que defendem interferência de Trump e reafirma que soberania "não é moeda de troca"

"A Constituição cidadã não está e nunca estará em qualquer mesa de negociação. A nossa soberania não é moeda de troca diante de exigências inaceitáveis", disse Mauro Vieira. - (crédito: MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL)

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, subiu o tom contra as tentativas de terferência no Judiciário pelo governo dos Estados Unidos, comandado por Donald Trump. Em discurso, realizado nesta segunda-feira (4/8), ele afirmou que a soberania brasileira “não é moeda de troca”, e fez duras críticas ao que chamou de “conluio” entre brasileiros e forças estrangeiras.

Vieira também afirmou que os brasileiros que atentam contra a soberania nacional são “saudosistas” da ditadura militar, e enfatizou que o país derrotou uma nova tentativa de golpe militar entre 2022 e 2023.

“Tenho enorme orgulho e sentido de responsabilidade na atual tarefa de liderar o Itamaraty na defesa da soberania brasileira de ataques orquestrados por brasileiros em conluio com forças estrangeiras”, discursou Vieira durante a celebração de 80 anos do Instituto Rio Branco, escola de formação de diplomatas.

“Nesse ultrajante conluio, que tem como alvo a nossa democracia, os fatos e a realidade brasileira não importam para os que se erigem em veículo antipatriótico de intervenções estrangeiras”, acrescentou. A cerimônia ocorreu no Palácio do Itamaraty.

A declaração ocorre em meio às sanções dos Estados Unidos contra o Brasil e autoridades brasileiras, especialmente o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, alvo da Lei Magnitsky, que impôs uma série de restrições financeiras ao magistrado.

As ações, que incluem uma sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, foram orquestradas por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em especial seu filho Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que pediu licença do cargo de deputado federal e se mudou para os EUA.

‘Saudosistas’ da ditadura militar

O chanceler também citou que começou sua carreira diplomática durante a ditadura militar, e que os que defendem atualmente a intervenção dos Estados Unidos no Brasil são “saudosistas” do regime autoritário.

“Sejamos claros: nossa sociedade democrática e suas instituições derrotaram uma tentativa de golpe militar cujos responsáveis estão hoje no banco dos réus, em processos transparentes transmitidos pela TV em tempo real,  com direito a ampla defesa e pleno respeito ao devido processo legal”, enfatizou o ministro.

“A Constituição cidadã não está e nunca estará em qualquer mesa de negociação. A nossa soberania não é moeda de troca diante de exigências inaceitáveis”, emendou.

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postado em 04/08/2025 15:45
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