Brasil x EUA

Após revogação de vistos, Padilha diz ter orgulho do Mais Médicos

O ministro da Saúde prestou apoio aos dois servidores que tiveram seus vistos revogados pelo governo Trump por terem participado da criação do Mais Médicos, que trouxe médicos cubanos ao Brasil

"Em primeiro lugar está o interesse da saúde do povo brasileiro, não qualquer interesse de qualquer país. A gente tem orgulho primeiro de ter feito esse programa", disse Padilha - (crédito: Ed Alves/CB)

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, rebateu nesta quinta-feira (14/8) a mais recente sanção dos Estados Unidos contra autoridades brasileiras. Ele disse ter orgulho do Mais Médicos e elogiou o trabalho dos dois servidores que tiveram seus vistos suspensos por participarem da criação do programa.

Padilha mencionou Mozart Sales, que atualmente é secretário de Atenção Especializada à Saúde no Ministério da Saúde, e Alberto Kleiman, que foi servidor da Casa Civil até dezembro de 2024. Ambos integraram a pasta da Saúde no governo Dilma Rousseff, em 2013, quando ela também era chefiada por Padilha.

“O último ataque à Saúde, eu preciso falar isso aqui, foi a sanção absurda que foi feita ontem (13) contra dois brasileiros — um deles, inclusive, pernambucano de coração, o Dr. Mozart Sales —, que tiveram pelo governo dos Estados Unidos os seus vistos, deles e das famílias, revogados porque participaram da criação do programa Mais Médicos”, declarou Padilha. “Eu digo, ao  querido Mozart Sales, Alberto Kleiman, e a todos que participaram do Mais Médicos: eu tenho orgulho do que vocês fizeram, eu tenho orgulho da luta de vocês”, acrescentou.

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O Departamento de Estado dos EUA anunciou ontem as sanções. O órgão afirmou que os vistos foram revogados pela participação dos servidores na criação do Mais Médicos, e acusou o programa de propiciar um “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”.

Mais Médicos

O programa Mais Médicos foi criado em 2013 e trouxe médicos cubanos para o Brasil até 2018, quando foi extinto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao assumir o Planalto, em 2023, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou o programa, mas priorizando médicos brasileiros.

Padilha afirmou que, durante o governo de Dilma Rousseff, técnicos do Ministério da Saúde percorreram diversos países em pesquisa antes de definir que a melhor parceria no momento seria com os médicos de Cuba.

“Então, a gente não ia titubear. Em primeiro lugar está o interesse da saúde do povo brasileiro, não qualquer interesse de qualquer país. A gente tem orgulho primeiro de ter feito esse programa, e mais orgulho ainda que o senhor (Lula) voltou para a Presidência da República, e não só fortaleceu, mas dobrou o Mais Médicos”, disse o ministro.

O titular da Saúde citou ainda que, atualmente, o programa tem 28 mil médicos por todo o país, sendo mais de 95% brasileiros.

“Inimigo da Saúde”

No discurso, Padilha também fez críticas à relação do governo Trump com a Saúde, citando que o republicano desmontou o apoio governamental à produção e pesquisa de vacinas, perseguiu pesquisadores e cortou recursos enviados pelos Estados Unidos à Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Nós estamos enfrentando não só um tarifaço. Nós estamos enfrentando um inimigo da saúde”, disse o ministro.

Ele participou, ao lado do presidente Lula, da inauguração da Fábrica de Hemoderivados da Hemobrás em Goiana, Pernambuco. A instalação, com investimento de R$ 1,9 bilhão, vai produzir medicamentos feito com plasma, como a Albumina, para o Sistema Único de Saúde (SUS).

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postado em 14/08/2025 15:43 / atualizado em 14/08/2025 16:43
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