Obstrução no Congresso

Líder do PT alerta para novos motins na Câmara e cobra ação de Motta

Lindbergh Farias afirma que ordens partiram de Jair e Eduardo Bolsonaro e cobra do presidente da Câmara, Hugo Motta, um plano de segurança para setembro

Deputados de oposição em ato tampando a boca com esparadrapo durante sessão da Câmara no dia 8 de agosto. Grupo de 14 parlamentares bolsonaristas ocupou o plenário por mais de 30 horas -  (crédito: José Cruz/Agência Brasil)
Deputados de oposição em ato tampando a boca com esparadrapo durante sessão da Câmara no dia 8 de agosto. Grupo de 14 parlamentares bolsonaristas ocupou o plenário por mais de 30 horas - (crédito: José Cruz/Agência Brasil)

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), lançou um alerta sobre o risco de novos motins no plenário da Casa durante o período de 2 a 12 de setembro, quando está previsto o julgamento de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). Para o parlamentar, os episódios de tumulto que marcaram o Congresso não foram fruto de insatisfação espontânea, mas resultado de uma ação política coordenada pela família Bolsonaro.

“Não tenho dúvidas de que foram Jair e Eduardo Bolsonaro que deram a ordem para o motim que aconteceu aqui. Aquilo não foi espontâneo, foi organizado, articulado e comandado por eles”, afirmou o petista em entrevista coletiva.

Segundo Lindbergh, a forma como os grupos agem é estruturada, com organização hierárquica e canais próprios de comunicação. “Eles organizam tudo em grupos fechados de mensagens, com disciplina e hierarquia. Não é um bando desorganizado, é um comando político”, destacou.

Pressão sobre a Câmara

O líder do PT disse ter levado suas preocupações diretamente ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Apesar do alerta, Lindbergh criticou a ausência de medidas preventivas até agora. “O presidente da Câmara foi avisado sobre os riscos. Mas até o momento não há nenhum plano especial de segurança anunciado para o período do julgamento. Isso nos deixa vulneráveis e pode gerar uma nova paralisia do plenário”, apontou.

Para o petista, o papel da Mesa Diretora será decisivo nos próximos dias. “É preciso entender que não se trata apenas de tumultos pontuais, mas de um projeto político que tenta desestabilizar as instituições. A Câmara não pode se omitir”, alertou.

Risco calculado

Na avaliação de Lindbergh, a movimentação deve se intensificar conforme se aproximam as datas do julgamento do ex-presidente no Supremo. “Não descarto que tentem novamente entre 2 e 12 de setembro. Eles querem criar uma narrativa de perseguição, tumultuar e, se possível, inviabilizar o funcionamento do Parlamento”, disse.

Apesar da gravidade da situação, ainda não há definição de um esquema emergencial de segurança para evitar novos episódios. A expectativa é que a discussão ganhe força na reunião de líderes partidários prevista para a próxima semana.

A assessoria de comunicação do presidente Hugo Motta foi acionada para explicações sobre a segurança no parlamento durante o julgamento de Bolsonaro e o espaço segue aberto para manifestações.

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Por Wal Lima
postado em 22/08/2025 17:23 / atualizado em 22/08/2025 17:28
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