investigação

No condomínio de Bolsonaro, reclamações e indiferença

Moradores do local e comerciantes da região têm opiniões distintas sobre a mudança de rotina com a prisão domiciliar do ex-presidente e a presença de policiais penais que o monitoram

Policiais penais passaram a monitorar residência do ex-presidente -  (crédito: Ed Alves / CB/ DaPress)
Policiais penais passaram a monitorar residência do ex-presidente - (crédito: Ed Alves / CB/ DaPress)

A 20 quilômetros do Supremo Tribunal Federal (STF), em uma região nobre da capital, moradores do condomínio Solar de Brasília 2 tentam se adaptar a mais uma mudança na rotina, após o ministro Alexandre de Moraes determinar reforço na vigilância do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu na Corte por tentativa de golpe de Estado.

Há meses o condomínio é movimentado pela presença da imprensa e de políticos que visitam o ex-chefe do Executivo, em prisão domiciliar desde 4 de agosto. Nesta semana, o local passou a ser monitorado por policiais penais. Três agentes estão a postos em frente à residência de Bolsonaro. A medida, segundo Moraes, é necessária ante o risco de fuga do ex-presidente.

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Fora do condomínio no Jardim Botânico, comerciantes e moradores perceberam mudanças pontuais. E têm opiniões distintas. Na padaria próxima, Michelle Fontenelle disse que a movimentação chegou a aumentar as vendas durante as manifestações, mas sem tumultos. "O pessoal vinha, comprava água, cerveja e ficava ali. Nunca deu confusão. No dia a dia, não muda muita coisa, só o trânsito, quando tem muita gente", descreveu.

Para o cabeleireiro Artur Augusto, a situação não gera incômodo, mas ele vê exagero em torno do ex-presidente. "Todo mundo aqui o apoia. Acho desnecessário tanto policiamento, mas os moradores não se sentem pressionados. Só tem mais imprensa mesmo", comentou. Em outra loja, Carla Araújo observou que as perguntas sobre Bolsonaro são raras. "Tenho 20 dias aqui e só uma moça perguntou. O movimento está normal, só passa carro oficial às vezes", contou.

Já Uriel Souza, que também trabalha no comércio próximo, considera que o reforço policial e a presença de repórteres causam transtornos. "Logo quando saiu o decreto da prisão, foi tumultuado. Alguns moradores reclamam da bagunça na entrada, do trânsito parado e da demora para entrar. É chato, porque atrapalha a rotina de quem mora aqui", afirmou.

Dentro do condomínio, a avaliação também é dividida. O morador George Rodrigues vive há quatro anos no local. Segundo ele, a rotina mudou depois que Bolsonaro entrou em prisão domiciliar. "Agora é fila para entrar, os agentes conferem tudo. Para nós, que temos família, é chato. Não tenho nada contra a investigação, mas virou uma exposição desnecessária", criticou.

*Estagiária sob a supervisão de Cida Barbosa

 

 

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postado em 28/08/2025 03:55
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