O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, condenou o cancelamento de vistos de autoridades brasileiras ligadas ao programa Mais Médicos. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, chamou o programa de “golpe diplomático” e “esquema de exportação de trabalho forçado do regime cubano”.
Em resposta publicada nas redes sociais, Padilha disse que o Mais Médicos sobreviverá aos ataques e é aprovado pela população brasileira. “O Mais Médicos, assim como o PIX, sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja. O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira”, escreveu.
Padilha ainda afirmou que o país não se curvará a “quem persegue as vacinas”. O presidente dos EUA, Donald Trump, escolheu Robert F. Kennedy Jr, um militante contra a vacinação, para chefiar a pasta de Saúde do governo.
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De acordo com o ministro, os dois brasileiros sancionados foram Mozart Sales e Alberto Kleiman. “Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das pessoas fundamentais para o Mais Médicos na minha primeira gestão como Ministro da Saúde, Mozart Sales e Alberto Kleiman”, informou.
Confira a íntegra da nota
Segundo o Departamento de Estado dos EUA, as autoridades brasileiras teriam usado a OPAS para driblar as sanções dos EUA a Cuba. Sales, médico doutor em Saúde Integral, continua no MS, onde ocupa o cargo de secretário de Atenção Especializada à Saúde. Já Kleiman é coordenador-geral para a COP30 na Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Segundo Rubio, ação faz parte de medidas para desmontar a prática de intercâmbio de profissionais cubanos. Além de Cuba, a restrição pode afetar funcionários dos governos de Granada e de países do continente africano.
O cancelamento de vistos se soma a uma série de medidas impostas contra autoridades brasileiras pelos Estados Unidos. Nas últimas semanas, a pasta de Rubio revogou os vistos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e familiares. Também foram afetadas pessoas classificadas como "aliados" de Moraes, como os ministros Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Gilmar Mendes, além do procurador-geral da República Paulo Gonet.
Moraes também foi sancionado pela Lei Magnitsky, medida aplicada pelos EUA a estrangeiro acusados por eles de violar direitos humanos.
Mais médicos
Lançado em 2013, o Programa Mais Médicos reúne uma série de medidas implementadas pelo governo federal para aumentar o número de profissionais da medicina na atenção básica em saúde e atender a demandas de regiões remotas e de difícil acesso.
A iniciativa passou por um período de esvaziamento de médicos entre 2016 e 2018, quando os médicos cubanos, que preenchiam cerca de 8 mil vagas, anunciaram a saída. Segundo o governo cubano, a decisão foi tomada após mudanças no contrato e declarações do recém eleito Jair Bolsonaro (PL).
O programa esteve vigente até 2019, quando o então presidente anunciou que não faria novas contratações após o fim dos contratos vigentes. No mesmo ano, ele anunciou o Médicos pelo Brasil, que substituiria gradativamente o antecessor, programa teve o primeiro contrato só em 2022.
Em 2023, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou com o Mais Médicos, que segue vigente.
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