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Lula: Tarcísio 'não é nada' sem Bolsonaro

Em tom de campanha, presidente diz que governador vai fazer o que o ex-chefe do Executivo quiser, porque depende do apoio dele

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a disparar, nesta sexta-feira, contra rivais políticos — e prováveis concorrentes em 2026 — durante visita a Minas Gerais. Ele disse não ter medo de adversários e criticou os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), ambos considerados pré-candidatos à Presidência. O chefe do Executivo afirmou que Tarcísio "não é nada" sem o ex-presidente Jair Bolsonaro. Sobre Zema, voltou a chamá-lo de "falso humilde" e disse que o governador mineiro recebeu mais recursos federais nesta gestão federal do que na anterior.

"Temos que reconhecer que o Bolsonaro tem uma força no setor da extrema-direita muito grande. O Tarcísio vai fazer o que o Bolsonaro quiser. Sem o Bolsonaro, ele não é nada, ele sabe disso ", respondeu Lula, ao ser questionado sobre o governador paulista, durante entrevista à Rádio Itatiaia, de Minas Gerais. Ele também rebateu o resultado de uma pesquisa AtlasIntel/Bloomberg que mostrou que Tarcísio o venceria em um eventual segundo turno: 48,4% contra 46,6%. "A história está cheia de gente que seria eleita no dia anterior, mas, quando concorre, não tem voto", frisou.

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Lula também criticou Zema, pelo segundo dia seguido. "Ele pode ser candidato, tem mais de 35 anos, é governador, pode pleitear a Presidência. Eu não vejo problema nisso. Agora, se ele tiver 1% de honestidade, sabe que recebeu no meu governo mais recursos do que nos quatro anos de Bolsonaro e nos quatro (foram dois) do Temer", pontuou.

O chefe do Executivo repetiu que será candidato se tiver condições de saúde para um novo mandato e que se prepara para enfrentar um adversário de direita apoiado por Bolsonaro. Ele mencionou outros governadores que pretendem concorrer à Presidência e avaliou como positivo o número de postulantes. "Todos devem ser candidatos, se quiserem. Tarcísio quer ser candidato, Zema, (Ronaldo) Caiado (governador de Goiás), Ratinho (Jr., governador de Santa Catarina). Que seja todo mundo. Quanto mais, melhor", afirmou.

Sobre Bolsonaro, Lula voltou a defender que o ex-presidente deve provar sua inocência, e não contar com a aprovação de um projeto de anistia, como o que está em tramitação no Congresso. "Não se discute anistia. É uma coisa tão impertinente. Ninguém foi ainda condenado. O homem (Bolsonaro) não foi nem julgado. Ele já está querendo anistia. Já está dizendo que é culpado e quer ser perdoado? Não. Ele tem que primeiro provar a inocência dele", disse. Questionado se assistirá ao julgamento que começa na terça-feira, em que o ex-presidente é réu por tentativa de golpe de Estado, ele negou. "Não, eu não vou assistir ao julgamento. Tenho coisa melhor para fazer", respondeu.

Em relação aos aliados, Lula exaltou o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que estava ao seu lado durante a entrevista, assim como os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Macaé Evaristo (Direitos Humanos) — todos mineiros. O presidente reforçou que quer Pacheco como candidato a governador do estado, mas alertou que o martelo precisa ser batido logo.

"Eu acho que o tempo do Pacheco está terminando, porque o povo já começa a pensar o que vai acontecer neste país", declarou. "Eu acho que ele tem de tomar uma decisão, porque é importante. Quanto mais tempo ele demorar para tomar decisão, mais os outros vão ganhando espaço", acrescentou. Na avaliação dele, caso o senador decida concorrer, os adversários vão "se desmanchar em pó".

Sem trégua

Na entrevista, Lula classificou de histórica a megaoperação contra o PCC, deflagrada na quinta-feira, e ressaltou que a ofensiva marca um novo momento no enfrentamento à violência. "Foi a operação mais importante da história de 525 anos do Brasil. Até agora, prendia-se só o andar de baixo. Agora, queremos saber quem é que faz parte do crime organizado no andar de cima", afirmou.

Segundo ele, o crime organizado já se infiltrou em diferentes setores da sociedade: política, futebol, Justiça e economia. Mas garantiu que o governo não vai recuar. "Nós não vamos dar trégua. O que aconteceu ontem (quinta-feira) foi muito importante e vai ajudar na aprovação da PEC da Segurança no Congresso", ressaltou, numa menção à proposta que aumenta a participação da União no combate ao crime organizado, e fortalece a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal (PRF).

O petista confirmou também que viajará a Manaus em setembro para inaugurar um centro da Polícia Federal voltado ao combate ao narcotráfico. Reforçou que a integração entre União e estados será essencial para fortalecer a segurança pública. "O que queremos é saber como o governo federal pode ajudar os governadores a fazer uma polícia mais eficiente. Não tem mais volta: começamos a agir fortemente contra o crime organizado", frisou.

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