JULGAMENTO NO STF

Flávio critica Judiciário e diz que Bolsonaro é o "novo caso Dreyfus"

Senador citou que o caso Dreyfus é "um dos maiores escândalos de erro judiciário no mundo" e destacou: "a História vai colocar os perseguidores em seu devido lugar"

Flávio Bolsonaro comparou o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com Alfred Dreyfus -  (crédito:  AFP)
Flávio Bolsonaro comparou o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com Alfred Dreyfus - (crédito: AFP)

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) comparou o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), com Alfred Dreyfus, um oficial judeu do Exército francês que foi condenado injustamente no século XIX. A comparação foi publicada pelo senador nesta terça-feira (2/9), primeiro dia de julgamento de Bolsonaro e mais sete réus na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal por tentativa de golpe de Estado.

"Em 1894, o capitão Alfred Dreyfus, oficial judeu do Exército francês, foi acusado de traição, por supostamente ter entregado segredos militares à Alemanha, inimiga da França à época. O julgamento foi rápido, marcado por provas frágeis e manipulações, e Dreyfus foi condenado à prisão perpétua na Ilha do Diabo, na Guiana Francesa. Mais tarde, descobriu-se que o verdadeiro espião era outro oficial, o major Ferdinand Walsin Esterhazy. Apesar disso, o Exército relutou em admitir o erro, com medo de manchar sua imagem", disse Flávio.

Flávio citou que o caso Dreyfus é "um dos maiores escândalos de erro judiciário no mundo" e destacou: "a História vai colocar os perseguidores em seu devido lugar". 

"Escritores e intelectuais se mobilizaram em defesa de Dreyfus. O mais célebre foi Émile Zola, com seu famoso artigo J’Accuse…! (1898), denunciando o antissemitismo e a manipulação judicial.Após anos de intensos debates, protestos e novos julgamentos, Dreyfus foi finalmente reabilitado em 1906, recuperando sua patente e sendo reintegrado ao Exército.O caso Dreyfus é considerado um dos mais notáveis exemplos de erro judiciário e antissemitismo, é um marco importante na história da República Francesa e do mundo democrático.", acrecentou o senador.

Bolsonaro responde por tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, participação em organização criminosa armada, dano qualificado e privacidade de patrimônio tombado.

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Julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF)

    • Início do julgamento: STF começou às 9h desta terça-feira (2/9) o julgamento de Jair Bolsonaro e outros sete aliados por tentativa de golpe de Estado e crimes contra a democracia.
    • Acusação da PGR: grupo fazia parte do núcleo “crucial” da trama para desacreditar o sistema eleitoral, incitar ataques a instituições e articular medidas de exceção para impedir a posse de Lula.
    • Réus: Bolsonaro; ex-ministros Walter Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira; Anderson Torres; deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ); ex-comandante da Marinha Almir Garnier; e o tenente-coronel Mauro Cid.

Etapas da sessão no STF:

    • Relator Alexandre de Moraes apresenta relatório com resumo e provas.
    • PGR, por Paulo Gonet, tem até 2h para expor posição.
    • Defesas dos réus falam em seguida, cada advogado com até 1h de sustentação.
    • Primeira defesa será a de Mauro Cid, que fechou acordo de delação premiada.
    • Acusações da PGR: Bolsonaro tinha ciência e participação ativa na trama golpista, incluindo planos de assassinato contra autoridades e apoio aos atos de 8 de janeiro de 2023.
    • Votação: após as falas, ministros da Primeira Turma (Moraes, Luiz Fux, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin) iniciam os votos.

Crimes imputados:

    • Organização criminosa armada
    • Tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito
    • Golpe de Estado
    • Dano qualificado
    • Deterioração de patrimônio tombado
    • Exceção: Alexandre Ramagem não responde pelos crimes ligados ao 8 de janeiro (já era deputado), mas segue réu por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.
    • Acusação contra Bolsonaro: liderança da organização criminosa armada. Penas máximas somadas chegam a 46 anos de prisão.
    • Base das investigações: delação de Mauro Cid, documentos, testemunhos e registros digitais coletados pela Polícia Federal e analisados pela PGR.
    • Previsão de término: 12 de setembro.

Argumentos da defesa de Jair Bolsonaro

    • Cerceamento de defesa pela ausência de tempo hábil para a defesa técnica conhecer as provas dos autos.
    • Pedido de nulidade, argumentando que sua participação nas sessões foi impedida.
    • Contestação da credibilidade da delação premiada de Mauro Cid e alegação da resistência inicial da testemunha em admitir participação nas acusações mais graves.
    • Desconhecimento da "minuta do golpe". A defesa afirma que o ex-presidente só tomou conhecimento da existência da "minuta do golpe" após a apreensão do documento pela Polícia Federal.
    • Ausência de provas de que o ex-presidente tenha solicitado a movimentação das Forças Armadas.

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postado em 02/09/2025 10:56 / atualizado em 02/09/2025 11:27
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