
No segundo dia do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa do general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa, buscou desmontar a acusação de que ele teria aderido a um plano de ruptura institucional. Ele é um dos militares acusados, junto com o ex-presidente Jair Bolsonaro, de participar da tentativa de golpe de Estado, em 2022, que pretendia impedir a posse do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O advogado Andrew Fernandes Farias afirmou que o militar atuou para evitar qualquer tentativa de golpe e chegou a aconselhar o então presidente a reconhecer a derrota nas eleições de 2022.
“Quando ele assessorou o presidente da República, disse que nada poderia ser feito diante do resultado das eleições. Ele se posicionou totalmente contra qualquer medida de exceção. Atuou ativamente para demover o presidente de qualquer medida nesse sentido”, declarou.
Ao longo de sua sustentação, Farias destacou que o período em que Nogueira esteve à frente da Defesa, entre abril e dezembro de 2022, foi marcado pela pressão de setores militares radicalizados. Segundo ele, o general temia que alguma liderança rompesse com a hierarquia. “O receio do general Paulo Sérgio era que alguma liderança militar levantasse o braço e rompesse. Por isso, buscou a unidade das Forças Armadas contra qualquer medida de exceção”, argumentou.
A defesa também afirmou que a própria denúncia aponta divergências entre Nogueira e integrantes da suposta organização criminosa, o que, para o advogado, comprovaria sua inocência. “Membros dessa organização estavam lutando para retirar o general Paulo Sérgio do cargo de ministro da Defesa e o comandante Freire Gomes do Exército. Como poderia fazer parte da organização criminosa quem era alvo dos seus próprios ataques?”, questionou.
Para reforçar sua tese, Farias lembrou que o nome do general não aparece em documentos apreendidos pela investigação sobre a divisão de tarefas do núcleo golpista. “Cadê o general Paulo Sérgio? Ele não está lá. É a prova dos nove. Está provado e mais que provado que o general Paulo Sérgio é manifestamente inocente”, concluiu.
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados teve início nesta terça-feira e segue nos dias 9, 10 e 12 de setembro. A denúncia lista crimes como organização criminosa armada, tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e dano qualificado ao patrimônio público. Se condenado, Bolsonaro pode ser condenado a mais de 40 anos de prisão.
Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular
Acompanhe o julgamento:
Saiba Mais
Política
Política
Política
Política
Política
Política