
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionou nesta quarta-feira (24/9) se o avanço da extrema direita no mundo é “virtude deles ou incompetência nossa”, citando os governos democráticos. Disse ainda que, após eleitos, os presidentes muitas vezes deixam os eleitores de lado para atender aos “interesses dos inimigos”.
O petista participou hoje do evento “Em Defesa da Democracia”, organizado pelo governo brasileiro e pelo governo da Espanha, com a presença também de outros chefes de Estado, principalmente da América do Sul. A reunião ocorre às margens da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
“O que me importa hoje é a gente responder para nós mesmos: onde que os democratas erraram? Em que momento a esquerda errou? Por que nós permitimos que a extrema direita crescesse com a força que estão crescendo? É virtude deles, ou incompetência nossa”, comentou Lula.
Em fala de cerca de nove minutos, o chefe do Executivo brasileiro destacou que falta organização das forças democráticas, especialmente da esquerda, e pede relação mais próxima dos governos com a população.
“Antes de a gente procurar a virtude do extremismo de direita, nós temos que procurar os erros que a democracia cometeu na relação com a sociedade civil, como a gente está exercendo a democracia nos nossos países”, observou o presidente.
“Se a gente encontrar essa resposta, a gente volta a vencer a direita. Se não, a gente vai continuar sendo sufocado pelo negacionismo, pelo extremismo e pelo discurso fascista que nós estamos vendo agora”, emendou.
'Interesse dos inimigos'
O presidente Lula questionou ainda as prioridades do governo após a eleição, citando que, muitas vezes, os chefes de Estado deixam de lado as necessidades da população que os elegeu para beneficiar grupos que chamou de “inimigos”, incluindo o mercado.
“Muitas vezes a gente ganha as eleições com um discurso de esquerda, e quando a gente começa a governar a gente atende muito mais os interesses dos nossos inimigos do que dos nossos amigos”, frisou o presidente.
“Muitas vezes a gente governa dando resposta ao que a imprensa publica sobre nós, à cobrança do mercado. Há necessidade de contentar o mercado. Há necessidade de contentar os adversários. E muitas vezes, os nossos eleitores, que foram para a rua, que apanharam, que foram achincalhados, são considerados por nós sectários e radicais”, acrescentou.
O evento “Em Defesa da Democracia” está em sua segunda edição, sempre realizado às margens da Assembleia Geral. Neste ano, após a mudança de gestão de Joe Biden para Donald Trump, e em meio à tensão diplomática entre os dois países, o governo brasileiro não convidou os Estados Unidos para participar.
Dentre os líderes presentes estavam: Pedro Sánchez (Espanha), Yamandu Orsi (Uruguai), Gabriel Boric (Chile) e Gustavo Petro (Colômbia).
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