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A dois meses da COP30, Sabino tenta sobrevida no governo

Sob pressão do União Brasil, que deu ultimato para desembarque do governo, ministro do Turismo entrega carta de demissão ao presidente Lula, mas diz confiar em uma eventual negociação entre o chefe do Executivo e o partido para seguir no cargo

Sabino com Lula:
Sabino com Lula: "Acredito no diálogo e que os homens públicos, que têm compromisso com a nação brasileira, vão trabalhar juntos pelo bem do país" - (crédito: Roberto Castro/Mtur)

O ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou ter entregado a carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira, 14 dias após o ultimato dado pela federação União Progressistas (UPb) — que reúne o União Brasil e o Progressistas — para que todos os filiados com mandatos renunciem aos cargos no governo federal. Deputado licenciado, Sabino afirmou seu desejo de continuar à frente da pasta e disse ter esperança em uma eventual negociação entre o chefe do Executivo, que gostaria de mantê-lo na função, e seu partido, o União Brasil, para reverter o quadro. Informações de bastidores, porém, apontam que o PDT e o próprio PT estão de olho na vaga.

"Tive uma conversa com o presidente da República em virtude da decisão do partido ao qual sou filiado de deixar o governo. Hoje, vim aqui cumprir o meu papel, entreguei a minha carta e o pedido de saída do Ministério do Turismo, cumprindo a decisão do União Brasil. A minha vontade é clara: continuar o trabalho que a gente vem fazendo", disse. "A gente tem um trabalho de diálogo mantido, e hoje o presidente acenou com a possibilidade de ampliar esse diálogo com o União Brasil para que a gente possa ver quais serão as cenas dos próximos capítulos", acrescentou.

Questionado sobre uma possível permanência no cargo, Sabino ressaltou confiar no diálogo. "Acredito no diálogo e que os homens públicos, que têm compromisso com a nação brasileira, vão trabalhar juntos pelo bem do país", pontuou. Entretanto, ele não respondeu se sairia do União Brasil para permanecer como ministro do Turismo.

O governo federal está hoje numa situação mais favorável para negociar do que quando a federação determinou o desembarque dos seus filiados, no início do mês. Além da série de derrotas sofridas pelo bolsonarismo, tanto no Judiciário quanto no Legislativo, a gestão Lula comemora o aceno do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de discutir o tarifaço imposto a produtos brasileiros.

De qualquer forma a saída de Sabino abre espaço para o chefe do Executivo reorganizar a composição política de sua equipe, em um momento em que negociações com partidos da base e aliados estratégicos ganham peso na articulação em torno de votações importantes para o governo.

Quem também deve deixar a Esplanada é o ministro do Esporte, André Fufuca (Progressistas). Ele tem até o fim do setembro para se demitir.

Já Frederico de Siqueira (Comunicações) e Waldez Góes (Integração) são considerados indicações pessoais do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e, como também não são filiados ao partido, não serão afetados pela ordem da federação.

Evento em Belém

Apesar de ter entregado a carta de demissão, Sabino seguirá como ministro até a próxima quinta-feira, quando acompanhará Lula na viagem a Belém para inaugurações de obras da COP30. "Recebi do presidente um pedido. Na próxima semana, haverá uma ação pela qual todos nós do governo, inclusive o Ministério do Turismo, temos trabalhado para a COP: inauguração de boa parte das obras, grande parte delas vão servir para receber os chefes de Estado e delegações. O presidente pediu que eu o acompanhasse nessa missão à cidade de Belém, e assim vamos", comunicou.

Antes do ultimato da União Progressistas, presidentes e parlamentares das legendas já defendiam a saída do governo e sustentavam que seria uma "questão de tempo" até que acontecesse. Um episódio emblemático foi a recusa do líder do União na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA), de assumir a pasta das Comunicações, após a demissão de Juscelino Filho (União-MA). À época, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), havia anunciado o parlamentar como novo ministro, mas Fernandes publicou uma carta afirmando que seguiria o desejo da bancada e, por isso, não poderia aceitar o convite para integrar a Esplanada.

Outro nome influente na federação que sempre foi a favor do rompimento com a gestão Lula é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que lançou sua pré-candidatura para a Presidência da República em 2026. No anúncio da aliança entre os dois partidos, ele comemorou nas redes sociais a decisão dos presidentes das siglas de desembarcar do governo.

 

 

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postado em 27/09/2025 03:55
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