
O ministro do Turismo, Celso Sabino, anunciou ter entregado a carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira, 14 dias após o ultimato dado pela federação União Progressistas (UPb) — que reúne o União Brasil e o Progressistas — para que todos os filiados com mandatos renunciem aos cargos no governo federal. Deputado licenciado, Sabino afirmou seu desejo de continuar à frente da pasta e disse ter esperança em uma eventual negociação entre o chefe do Executivo, que gostaria de mantê-lo na função, e seu partido, o União Brasil, para reverter o quadro. Informações de bastidores, porém, apontam que o PDT e o próprio PT estão de olho na vaga.
"Tive uma conversa com o presidente da República em virtude da decisão do partido ao qual sou filiado de deixar o governo. Hoje, vim aqui cumprir o meu papel, entreguei a minha carta e o pedido de saída do Ministério do Turismo, cumprindo a decisão do União Brasil. A minha vontade é clara: continuar o trabalho que a gente vem fazendo", disse. "A gente tem um trabalho de diálogo mantido, e hoje o presidente acenou com a possibilidade de ampliar esse diálogo com o União Brasil para que a gente possa ver quais serão as cenas dos próximos capítulos", acrescentou.
Questionado sobre uma possível permanência no cargo, Sabino ressaltou confiar no diálogo. "Acredito no diálogo e que os homens públicos, que têm compromisso com a nação brasileira, vão trabalhar juntos pelo bem do país", pontuou. Entretanto, ele não respondeu se sairia do União Brasil para permanecer como ministro do Turismo.
O governo federal está hoje numa situação mais favorável para negociar do que quando a federação determinou o desembarque dos seus filiados, no início do mês. Além da série de derrotas sofridas pelo bolsonarismo, tanto no Judiciário quanto no Legislativo, a gestão Lula comemora o aceno do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de discutir o tarifaço imposto a produtos brasileiros.
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De qualquer forma a saída de Sabino abre espaço para o chefe do Executivo reorganizar a composição política de sua equipe, em um momento em que negociações com partidos da base e aliados estratégicos ganham peso na articulação em torno de votações importantes para o governo.
Quem também deve deixar a Esplanada é o ministro do Esporte, André Fufuca (Progressistas). Ele tem até o fim do setembro para se demitir.
Já Frederico de Siqueira (Comunicações) e Waldez Góes (Integração) são considerados indicações pessoais do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e, como também não são filiados ao partido, não serão afetados pela ordem da federação.
Evento em Belém
Apesar de ter entregado a carta de demissão, Sabino seguirá como ministro até a próxima quinta-feira, quando acompanhará Lula na viagem a Belém para inaugurações de obras da COP30. "Recebi do presidente um pedido. Na próxima semana, haverá uma ação pela qual todos nós do governo, inclusive o Ministério do Turismo, temos trabalhado para a COP: inauguração de boa parte das obras, grande parte delas vão servir para receber os chefes de Estado e delegações. O presidente pediu que eu o acompanhasse nessa missão à cidade de Belém, e assim vamos", comunicou.
Antes do ultimato da União Progressistas, presidentes e parlamentares das legendas já defendiam a saída do governo e sustentavam que seria uma "questão de tempo" até que acontecesse. Um episódio emblemático foi a recusa do líder do União na Câmara, Pedro Lucas Fernandes (MA), de assumir a pasta das Comunicações, após a demissão de Juscelino Filho (União-MA). À época, a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), havia anunciado o parlamentar como novo ministro, mas Fernandes publicou uma carta afirmando que seguiria o desejo da bancada e, por isso, não poderia aceitar o convite para integrar a Esplanada.
Outro nome influente na federação que sempre foi a favor do rompimento com a gestão Lula é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que lançou sua pré-candidatura para a Presidência da República em 2026. No anúncio da aliança entre os dois partidos, ele comemorou nas redes sociais a decisão dos presidentes das siglas de desembarcar do governo.
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